Dia 28 de dezembro

 

 

PARTE II

"Eu sou do meu amado, e

o meu amado é meu"

Cântico dos Cânticos 6.3.

 

Como vimos na meditação anterior, são muitas as preciosidades no Livro de Cantares, porque nele temos a revelação do noivo Jesus, com a sua noiva: a Igreja. O Livro expressa de uma maneira bem preciosa, o carinho e amor de um para com o outro. O Livro de Cantares mostra de uma forma bem clara, o crescimento espiritual do cristão, a visão da Igreja de Cristo, e o cuidado dEle com a sua noiva: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível" Efésios 5.25-27.

Na meditação anterior falamos sobre a primeira visão que temos da Pessoa de Cristo. Uma visão egoísta de que: "O meu amado é meu, e eu sou dele...". A medida que vamos crescendo no conhecimento de Cristo, na revelação dada pelo Pai: "Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim" Gálatas 1.15-16, nossa visão se  inverte. Não vemos mais nós como o centro de tudo, mas sim a Pessoa de Cristo.

Jesus então passa a ter a preeminência: "E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência" Colossenses 1.18. Ele agora passa a ser desejado antes de todas as coisas: "E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele" Colossenses 1.18. Que sem Ele, nada do que foi feito se fez (João 1.3).

Com o crescimento espiritual, invertemos a ordem das coisas. Agora Cristo passa a estar em primeiro lugar: "Eu sou do meu amado", mas o nosso EU, ainda está em evidência; ainda o retemos porque achamos que temos alguma importância: "e o meu amado é meu". Mesmo chegando a certo grau de crescimento na vida cristã, ainda não é bem claro para nós que verdadeiramente estamos mortos, que não vivemos mais, que agora é Cristo que vive em nós. Sabemos do texto, o confessamos, mas a clareza que é Cristo quem vive, ainda está ofuscada. É necessária ainda a operação da cruz em nós.

Em nenhum tempo o noivo se desespera pelo amor não correspondido. O amor dEle é total e o nosso ainda é interesseiro. Mas Ele permanece firme nos santificando, para apresentar a Ele como uma virgem pura: "Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo" II Coríntios 11.2.

O Espírito continua o seu ministério de mortificar as obras do corpo, de nos santificar, nos revelar Cristo, e de purificar as nossas consciências das obras mortas: "Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?" Hebreus 9.14. Nesse tempo, a Palavra vem cada vez mais clara ao nosso coração que Ele morreu por nós, para que vivêssemos para Ele: "E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" II Coríntios 5.15.

Conforme crescemos na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, e vemos a Glória do Pai na Sua face, o Espírito nos faz ver que nosso EU não tem mais parte nessa relação de comunhão. Que fomos chamados para a comunhão de Seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor, uma comunhão com o Pai: "O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo" I João 1.3.

Nesta nova fase da vida cristã, com os olhos do entendimento abertos, e a operação da cruz, fica claro que é Cristo quem vive, e não mais EU. Não sou mais eu que prego, eu que visito, eu que oro, eu que ensino, eu que creio, eu que me santifico, eu que amo, eu..., eu..., eu..., mas Cristo. Agora Ele é quem fala em mim, quem ora em mim, quem crê em mim, quem ama em mim; Cristo agora é tudo em mim: "eu sou do meu amado, e o seu amor é por mim" Cântico dos cânticos 7.10.

Nessa fase de amadurecimento na vida cristã, o EU não tem mais lugar, está morto, está crucificado com Cristo. Negamos a nós mesmos, e levamos cada dia a nossa cruz. Agora é Cristo que vive e se manifesta em nós: "Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; e assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida" II Coríntios 4.10-12.

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