AUTO PIEDADE

 

"Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e

quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.

Mateus 16.25.

 

Jesus nesta passagem de Mateus, depois de Pedro ter recebido do Pai a revelação que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo. De ter recebido de Jesus a revelação que sobre Ele seria edificado a Sua Igreja, foi repreendido por Jesus dizendo: "Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens" Mateus 16.23.

Logo em seguida, Jesus fala aos seus discípulos para tomarem a cruz, porque quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de dele a achará.

O Espírito quando inspirou Mateus para escrever esses versos nesta disposição, tinha uma revelação muito preciosa para nós. Primeiramente necessitamos da revelação da Pessoa de Cristo como o Filho do Deus vivo. Este é o mistério de Deus que só pode ser revelado pelo Pai, e para isto fomos separados por sua graça: "Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim" Gálatas 1.15-16.

A segunda revelação é o mistério de Cristo: a Igreja. A multiforme sabedoria de Deus conhecida dos principados e potestades, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor.

Isto foi muito glorioso para os discípulos, mas depois o Espírito nos mostra a queda de Pedro. Jesus fala do caminho da cruz e logo em seguida o leva para o monte da transfiguração. Como pode ser isto? Este texto às vezes nos intriga. Como Pedro pode naquele momento de revelação tão abundante, deixar que Satanás o usasse? E como aquilo não afetou Jesus, levando logo em seguida o seu discípulo a um ponto mais alto da revelação?

Aqui o Senhor nos dá um ensino muito precioso. Ainda que tenhamos a revelação de Cristo como o Filho do Deus vivo, e da Sua Igreja, necessitamos que a cruz execute o seu trabalho de mortificação em nossa alma. É na nossa alma que o inimigo trabalha.

Pedro não estava possuído por Satanás, mas ele tinha colhido em sua alma a auto piedade. Ele desejava a glória dos homens que seria dado a ele por ser um discípulo do Messias. Eles conheciam que o Messias haveria de vir, e que o seu reino seria glorioso.

Ele não desejava que o Senhor tivesse uma morte vergonhosa, porque esta vergonha passaria para ele. O que pensariam dele? Tanto é assim, que quando ele viu Jesus sendo escarnecido, negou-o três vezes.

Recebemos o Senhor como a nossa vida, e temos recebido dEle a revelação da Sua Igreja, mas a nossa auto piedade está muito presente em nossa alma. Temos receio do que as pessoas pensam de nós. Temos receio do conceito que os outros tem de nós, e tentamos por nossos próprios métodos mudar esta situação.

Esta é a nossa vida, a vida da nossa alma. Se tentarmos ganhá-la, iremos perdê-la, mas se tomarmos a nossa cruz, por amor dEle, a acharemos.

O Senhor sabe muito bem o que é a nossa alma porque Ele já a conheceu em sua carne. Tanto é assim que Ele não condenou Pedro, e também não nos condena por isto, mas nos faz entender que ela, sem o tratamento da cruz, é um campo fértil para o inimigo.

Ele nos ensina a tomarmos a nossa cruz, porque o seu propósito para nós não é a satisfação da nossa alma, mas sim a Glória revelada no monte da transfiguração. Amém.

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