O CRENTE CARNAL Qual a situação do crente carnal diante de Deus? "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser; e os que estão na carne não podem agradar a Deus" Romanos 8.7-8. Não existe muita dificuldade para o homem entender que ele é um pecador, mas se existe alguém além do diabo que advoga o pecado, esse tal é o crente carnal. Ele sempre tem uma desculpa para o seu pecado. Sempre estará pronto a encontrar passagens na Bíblia, que justifiquem a sua vida de pecado. Não é para menos que a Escritura diz: “Muitos são puros aos seus próprios olhos, mas nunca foram lavados da sua imundícia” Provérbios 30.12. O crente carnal não duvida que seja um pecador, mas ignora que esta sua situação, é de inimizade contra Deus. Muitos por hipocrisia, outros por ignorância.
No versículo que iniciamos, a Palavra de Deus mostra-nos que o carnal é inimigo de Deus, porque não se sujeita a vontade de Deus, e mesmo que quisesse, não poderia, pois não consegue fazer o bem que quer. Portanto, os que estão na carne, não podem agradar a Deus. O pecado é a rebeldia à vontade e a santidade de Deus (I João 3.4). Por um só pecado cometido por Adão, e, diga-se de passagem, até que não foi um pecado tão escabroso, veio o juízo sobre todos os homens: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” Romanos 5.12 e 3.23.
O crente carnal também está separado de Deus por causa dos seus pecados, pois Ele diz: “As vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça” Isaías 59.2. O carnal também não invoca a justiça com retidão, nem pleiteia com verdade. Confia na vaidade, concebe o mal, e dá a luz a iniquidade (Isaías 59.4). A sua boca profere a Palavra de Deus, e aproxima-se dEle para ouvir a Sua Palavra, mas não a põe por obra. Os seus lábios e a sua boca honram a Deus, mas o seu coração está longe dEle, e o temor do crente carnal para com Deus, consiste em mandamentos de homens, usos e costumes, tradições e filosofias que tem aprendido de cor (Isaías 29.13 e Ezequiel 33.31).
O crente carnal busca sempre alento nas Escrituras, e principalmente nos Salmos, quando é acometido de angústias e temores, mas nunca fica livre delas, nunca encontra descanso para a sua alma. Mas estas angústias e males vêm sobre o crente carnal por causa da desobediência como diz o Senhor em Deuteronômio 31.17: “Então se acenderá a minha ira naquele dia contra ele, e eu o deixarei, e dele esconderei o meu rosto, e ele será devorado. Tantos males e angústias o alcançarão, que dirá naquele dia: Não é, porventura, por não estar o meu Deus comigo, que me sobrevieram estes males?”.
O crente carnal também vê que suas orações não são atendidas, e o próprio Deus responde a isto quando diz: “Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliques as vossas orações não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue (pecados)” Isaías 1.13. A este respeito, a Palavra de Deus ainda diz: “Sabemos que Deus não ouve a pecadores, mas se alguém for temente a Deus, e fizer a sua vontade, a esse ele ouve” João 9.31.
Para muitos crentes carnais, a aparência externa, como o cabelo comprido, as vestes, e os seus costumes, são sinais de santidade. Não entendem que nada disso adianta se esta santidade não estiver no coração, porque Deus não vê como vê o homem, porque o homem vê o que está diante dos seus olhos; só vê a aparência, mas Deus olha para o coração (I Samuel 16.7). Não é o nosso diagnóstico que capacita uma pessoa a entrar no Reino de Deus, mas aquele que é feito por Jesus. Quando Ele olha para o coração de um carnal, só vê imundícia, ainda que esteja externamente com trajes de santidade. Ele mesmo disse: “Nada há fora do homem que, entrando nele, possa contaminá-lo; mas o que sai do homem, isso é que o contamina... Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e é lançado fora?... E prosseguiu: O que sai do homem , isso é que o contamina. Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios, a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez; todas estas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem”. Marcos 7.19-23.
Para Jesus, os crentes carnais são sepulcros caiados, exteriormente parecem justos aos homens, mas por dentro, estão cheios de hipocrisia e iniquidade (Mateus 23.28). Deus não se deixa escarnecer. Ninguém zombará dEle. Tudo o que o homem semear isto ele também colherá. Se semear na carne, colherá a corrupção. Isto é o que o crente carnal tem colhido por semear na sua carne (Gálatas 6.8).
O carnal sempre procura esconder os seus pecados, bem como os seus maus pensamentos, mas Deus que conhece tudo nos diz em Sua Palavra: “O Senhor esquadrinha todos os corações, e penetra todos os desígnios e pensamentos” I Crônicas 28.9. “E não há criatura alguma encoberta diante dEle; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” Hebreus 4.13. O crente carnal tem como uma de suas seguranças estarem participando de uma igreja, mas Jesus já disse que um dia, um será levado e o outro será deixado (Mateus 24.40). De Deus também podemos ouvir o mesmo, pois Ele diz: “Quanto ao ímpio, as suas próprias iniquidades o prenderão, e pelas cordas do seu pecado será detido (condenado)” Provérbios 5.22.
Quanto aos jejuns que se fazem Deus já disse o que pensa em Isaías 58, nos versos 3 a 7: “Por que temos nós jejuado, dizem eles, e tu não atentas para isso? por que temos afligido as nossas almas, e tu não o sabes? Eis que no dia em que jejuais, prosseguis nas vossas empresas, e exigis que se façam todos os vossos trabalhos. Eis que para contendas e rixas jejuais, e para ferirdes com punho iníquo! Jejuando vós assim como hoje, a vossa voz não se fará ouvir no alto. Seria esse o jejum que eu escolhi? o dia em que o homem aflija a sua alma? Consiste porventura, em inclinar o homem a cabeça como junco e em estender debaixo de si saco e cinza? chamarias tu a isso jejum e dia aceitável ao Senhor? Acaso não é este o jejum que escolhi? que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo? e que deixes ir livres os oprimidos, e despedaces todo jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desamparados? que vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?”.
Toda a confiança de um crente carnal está nas suas obras. Sempre procura tranquilizar o seu coração, pensando haver uma conta de chegada nos céus, onde Deus pesará os prós e os contras, sendo que para Deus, as justiças humanas não passam de trapos de imundícia (Isaías 64.6). Para Deus, mesmo diante de todas essas obras, continuam imundos, injustos, e ímpios. Todos murcharão como a folha, e nas suas próprias iniquidades, como o vento, serão arrebatados, não para o céu, mas para a perdição eterna.
Podemos ver na parábola do fariseu e do publicano, que o fariseu apresentou-se a Deus com as suas obras. Mostrou-se justo, fiel a esposa, não defraudava nem roubava o próximo, jejuava duas vezes por semana, e dava o dízimo de tudo quanto ganhava. No final não recebeu a aprovação de Deus, mas a condenação. Ele não foi condenado porque fazia coisas certas, mas porque exaltava a si mesmo pelas suas obras (Lucas 18.11-14).
Se esta tem sido a sua atitude diante de Deus, será certa a sua condenação como o foi daquele fariseu. Não será diferente com qualquer um que pelas suas obras pensa entrar no Reino de Deus. Se aqueles líderes que profetizavam, expulsavam demônios e faziam muitas maravilhas, Jesus disse-lhes que nunca os conheceu, porque diziam-se crentes, mas praticavam a iniquidade; que diremos então da multidão dos crentes que participavam daquelas igrejas? Se eram muitos os líderes reprovados por Jesus, que se dirá da quantidade dos crentes que só vão às igrejas nos sábados e nos domingos? (Mateus 7.22-23).
Para esses crentes carnais, Jesus lhes dirá: “Nunca vos conheci, eu não confio em vocês”, porque Ele bem sabe o que é a natureza humana e ninguém precisa dar-lhe testemunho do homem (João 2.24-25). O crente carnal diz que conhece a Deus, mas pelas suas obras o negam, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda boa obra (Tito 1.6). |