O CRENTE ESPIRITUAL

Os que são de Cristo crucificaram a carne

"E os que são de Cristo Jesus crucificaram a

carne com as suas paixões e

concupiscências" Gálatas 5.24.

O novo nascimento é a obra que Deus realizou no sacrifício de Cristo, tirando de nós a nossa natureza carnal e pecadora que nascemos com ela herdadas de Adão, colocando em Cristo naquele madeiro; dando-nos da Sua natureza divina, espiritual e incorruptível pela ressurreição de Jesus dentre os mortos, e que agora é gerado em nós pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo: “Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus... E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna” João 3.5; 14-15. “...sendo de novo gerados, não de semente corruptível (pela semente do homem), mas de incorruptível (pela divina semente de Deus - I João 3.9), pela palavra de Deus, a qual vive e permanece para sempre” I Pedro 1.23. “Segundo a sua própria vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas” Tiago 1.18.

 

Esta natureza carnal é chamada pelas Escrituras de “homem velho”, ou “corpo do pecado”. Este homem velho, ou corpo do pecado, representa a nossa condição primitiva de geração no pecado, isto é, a natureza má e corrupta que trazemos por herança dos nossos pais. O homem velho é todo homem ou mulher, adulto e criança, que vive como filho de Adão, andando na escravidão do pecado e no engano: “Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios, a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez; todas estas más coisas procedem de dentro (deste velho homem) e contaminam o homem” Marcos 7.21-23.

 

Este homem velho é o mesmo que o apóstolo Paulo chamou de “corpo desta morte” em Romanos 7.24. Este homem velho é o mesmo que operava em seus membros dando frutos para a morte, e também o que operava a lei que sempre o levava ao pecado: “Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado (aqui o apóstolo Paulo não está tratando dos pecados, mas do pecado, isto é, do homem velho, da fonte produtora de pecados) que habita em mim” Romanos 7.19-20.

 

Esta é a situação de um carnal, de alguém que ainda não teve a sua natureza terrena arrancada por Deus. O apóstolo Paulo não está nesta passagem falando de sua nova vida no Espírito, mas de sua vida ainda nas paixões da carne. Ele nos fala isto no versículo 5 do mesmo capítulo 7 quando diz: “Pois, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte”.

 

Em todo lugar temos encontrado muito desses carnais que tentam provar a sua salvação, justificando-se nestas palavras do apóstolo Paulo, sendo que não continuam atentando para a Palavra de Deus e vendo que em Romanos 8.2, o mesmo apóstolo Paulo fala de sua libertação do cativeiro do pecado pelo Espírito da Vida em Cristo Jesus. O apóstolo dá testemunho nesses versículos de sua vida na carne, nas paixões dos pecados onde não conseguia fazer o bem que queria, mas somente o mal que não queria. Também da sua nova vida debaixo da graça, não mais na carne, mas no Espírito quando disse: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” Romanos 8.1-2.

 

No versículo 5 do capítulo 7, ele fala claramente de sua vida na carne, e no versículo 1 do capítulo 8, da sua vida no Espírito e não mais na carne. Se não tivermos a revelação do Espírito, ninguém poderá discernir nem entender estas coisas porque elas são o mistério de Deus que esteve guardado em silêncio desde os tempos eternos  (Romanos 16.25-26), e que agora Ele quer fazer conhecer pelas Escrituras proféticas. Mistério é algo que ninguém entende se não for revelado por Deus.

 

Cuidado para que você não esteja entre aqueles de quem Deus fala em João 12.38-41, quando diz: "...para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías: Senhor, quem creu em nossa pregação? e aquem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, porque, como disse ainda Isaías: Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos e entendam com o coração, e se convertam, e eu os cure. Estas coisas disse Isaías, porque viu a sua glória, e dele falou". Ou entre aqueles que Ele diz: “Vede, ó desprezadores, admirai-vos e desaparecei; porque realizo uma obra em vossos dias, obra em que de modo algum crereis, se alguém vo-la contar” Atos 13.41.

 

O homem sem o novo nascimento, por mais que tente viver em santidade e justiça não poderá fazê-lo. Por mais que ele queira fazer o bem não consegue, porque o pecado não lhe veio trazer somente culpa, mas o poder e a presença deste pecado nele. Tentar viver para Deus no pecado, seria a mesma coisa que uma árvore má tentar dar frutos bons. Ela não pode, porque a maldade é fruto da sua natureza má. Um homem pecador, tentando não produzir pecados é a mesma coisa, será impossível, porque o pecado faz parte da sua natureza.

 

A cobra venenosa não consegue deixar de ser peçonhenta, como também não consegue gerar seus filhotes sem o veneno; assim também o homem não pode deixar de pecar, nem de gerar filhos pecadores. Há no homem o poder do pecado que reina sobre ele, e o homem passa a ser seu escravo. O escravo não pode se livrar por si mesmo, somente será livre se o seu Senhor o alforriar: “Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse...” Romanos 5.17. “Todo aquele que comete o pecado é escravo do pecado” João 8.34.

 

O pecado não é algo que quando decidimos deixá-lo, podemos fazê-lo. Ele está arraigado no homem da mesma maneira que está a sua vida. O pecado reina no homem, e como nos diz o Salmo 125.3, o cetro (símbolo de poder) da impiedade repousa sobre ele. O pecado reina no homem e o subjuga a um império, isto é, o império da morte que está no poder do diabo (Hebreus 2.14). O pecado é tão poderoso, que tem subjugado o homem desde a criação do mundo, e somente a morte de um justo pôde livrá-lo de tal poder. Não há outro meio de alguém estar livre deste poder sem o novo nascimento. Sem o poder do Espírito da vida em Cristo Jesus, ninguém poderá livrar-se do poder do pecado nem da sua condenação à morte eterna.

 

Como o pecado reina no homem, o poder do velho homem está sempre atuante, e consequentemente a presença do pecado é inevitável. Davi disse: “Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” Salmo 51.3. O homem por si só não pode mudar este quadro. Normalmente ele se engana procurando em Deus o perdão para a culpa que o pecado traz, mas a Palavra de Deus diz: “O salário do pecado é a morte” Romanos 6.23. Ainda que Deus mostrasse favor ao pecador, perdoando cada transgressão sua, mesmo assim Deus ele não aprenderia a justiça. Ainda que o colocasse num lugar onde o pecado não estivesse presente, não deixaria de pecar (Isaías 26.10). Se somente o perdão fosse necessário, Jesus não precisaria ter vindo para morrer por nós, poderíamos continuar a fazer os sacrifícios dos animais e isto bastaria.

 

O perdão não é suficiente, porque o poder e a presença do pecado continuam no homem. Somente uma salvação plena feita por Deus pode tirar o homem deste triste quadro. Esta é a salvação que Jesus realizou. Esta é a salvação que Jesus realizou em seu corpo na Sua morte e ressurreição. A salvação não poderia ser chamada de salvação, se Deus tivesse apenas perdoado o homem, e o deixasse sobre o domínio deste velho homem e no cativeiro do pecado. Se uma árvore produz frutos maus, é porque ela é uma árvore má. Nunca dará frutos bons. Para dar frutos bons, terá que ser arrancada e plantada uma árvore boa em seu lugar. É isto que Deus fez conosco em Jesus, pois Jesus disse: “Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada” Mateus 15.13.

 

No sacrifício de Jesus, Deus não somente nos perdoou, mas realizou uma tríplice justificação. Muitos ainda estão vivendo como carnais por falta de conhecimento desta grande salvação, e outros porque não crêem: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” Oséias 4.6. Esta tríplice justificação envolve o sangue de Jesus, a Sua morte, e a Sua ressurreição. Todo erro procede da falta de conhecimento das Escrituras e do poder de Deus (Mateus 22.29). Para os que não crêem, só está reservado o juízo do grande dia e um ardor de fogo que há de devorá-lo: “Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma expectação terrível de juízo, e um ardor de fogo que há de devorar os adversários” Hebreus 10.26-27.

 

O sangue de Jesus tem na justificação, a função de tornar o culpado em inocente, inculpável, e justo. A justificação remove a culpa dos pecados cometidos no tempo da ignorância e a que trouxemos de Adão: “sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos” Romanos 3.24-25.

 

O sangue também nos aproximou de Deus, pois a nossa iniquidade é que fazia separação entre nós e o nosso Deus. Isaías 59.2 diz: “mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça”. “Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto” Efésios 2.13. O sangue também nos trouxe a paz com Deus, porque no pecado nos tornamos inimigos de Deus no entendimento pelas nossas obras más (Colossenses 1.21): “e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus” Colossenses 1.20.

 

O sangue derramado por Jesus também nos comprou para Deus, como nos diz Apocalipse 5.9-10: “Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação; e para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra”. Ele nos comprou porque pertencíamos ao diabo, e estávamos por toda a vida sujeitos à escravidão, como nos diz I João 3.8: “quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio”, e Hebreus 2.14-15: “Portanto, visto como os filhos são participantes comuns de carne e sangue, também ele semelhantemente participou das mesmas coisas, para que pela morte derrotasse aquele que tinha o poder da morte, isto é, o Diabo; e livrasse todos aqueles que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à escravidão”. Este versículo nos mostra que fomos remidos; fomos tirados do poder do cativeiro do pecado e do diabo.

 

O sangue nos redimiu, isto é, nos libertou de tudo que nos prendia. Estávamos acorrentados de pés e mãos, e pelo seu sangue as cadeias se romperam: “em quem temos a redenção pelo seu sangue, a redenção dos nossos delitos, segundo as riquezas da sua graça” Efésios 1.7. “Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados” Apocalipse 1.5. Muitos usam o sangue de Jesus como um poder para expulsar demônios, ou para curar enfermos; mas não é o sangue de Jesus, mas o Seu Nome é que tem poder para isto. O sangue teve como função fundamental na justificação, a purificação dos nossos pecados: “E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” Hebreus 9.22.

 

Para que a justificação pelo sangue, que nos levou à reconciliação, à paz, à remissão e ao perdão dos pecados fosse consumada por Deus, antes de tudo ele precisou retirar de nós o nosso pecado, como também os nossos pecados e colocar no corpo de Jesus Cristo naquela cruz, para que, justificados e mortos para o pecado, pudéssemos viver para a justiça: “levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados” I Pedro 2.24.

 

Na morte de Jesus, Deus executou mais uma etapa desta tríplice justificação para o homem. No sangue houve a reconciliação, a paz, e a remissão. Na morte de Jesus, houve a destruição do homem velho, do corpo do pecado. No sangue Deus trata com os frutos, na morte de Jesus Deus trata com a natureza da árvore.

 

Saber que Jesus morreu por nós, representa só o lado substitutivo do sacrifício. Esta face da morte de Jesus representa a remoção da dívida paga por Ele, pelos nossos pecados cometidos, pois Deus nos diz: “que se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras” Tito 2.14. “... e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz” Colossenses 2.14.

 

É verdade que Jesus nos substituiu naquela cruz, mas encontramos na morte de Jesus uma outra face muito preciosa que é o lado vicário do sacrifício. Esta face representa a plena e total representação de Jesus por nós diante de Deus. Jesus foi plenamente aceito por Deus para nos representar diante dEle. Este lado vicário da morte de Jesus fez com que Deus ao aceitar a morte de Jesus como paga do pecado, estivesse aceitando a nossa morte e a quitação da nossa dívida, pois a lei dizia: “A alma que pecar esta morrerá” Ezequiel 18.4. Em Cristo o próprio Deus nos faz saber que: “Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” II Coríntios 5.21.

 

Caminhando pela Palavra de Deus, podemos com a Sua misericórdia saber mais uma face desta morte de Jesus: o lado expiatório. A vida está no sangue (Levítico 17.11), e quando foi derramado totalmente o sangue, Jesus morreu (João 19.34). Isto representou a destruição total da culpa do pecado, pois os pecados já haviam sido perdoados pelo sangue: “Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos” Isaías 53.10.  “Pelo que convinha que em tudo fosse feito semelhante a seus irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas concernentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados do povo” Hebreus 2.17.

 

A última face deste sacrifício de Jesus é o lado identificativo. Esta face representa a nossa identificação com Jesus em seu sacrifício, isto é, quando Jesus foi pregado naquela cruz, nós nos tornamos uma só pessoa com Ele. Assim como fomos identificados com Adão em seu pecado no Éden, porque para Deus foi como se cada um de nós tivesse comido da árvore do conhecimento do bem e do mal, também fomos da mesma forma identificados com Jesus em seu sacrifício. Para Deus esta identificação nos levou a receber a sentença de morte juntamente com Adão no Jardim do Éden, assim como a estarmos mortos com Jesus no Gólgota.

 

A nossa identificação no pecado de Adão, deu-se quando ele comeu juntamente com sua mulher da árvore do conhecimento do bem e do mal que Deus tinha dito que não era para se comer. A nossa identificação na morte de Cristo, deu-se quando Jesus foi levantado da terra pelos soldados naquela cruz, pois Ele disse: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer” João 12.32-33. Como em Adão, tudo o que aconteceu com ele depois da queda, também aconteceu a nós; em Jesus tudo o que aconteceu com Ele, aconteceu conosco também. Adão foi condenado, nós também fomos condenados (Romanos 5.18). Adão morreu por causa do pecado, nós também morremos juntamente com ele (Romanos 5.12). Adão foi destituído da Glória de Deus (Gênesis 3.23), nós também fomos destituídos juntamente com ele (Romanos 3.23). 

 

Na nossa identificação com Jesus, tudo o que aconteceu com Ele aconteceu conosco também. Jesus foi crucificado em uma cruz, e nós fomos crucificados juntamente com Ele (Romanos 6.6). Jesus morreu, nós também morremos juntamente com Ele, Aleluia!: “Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?” Romanos 6.3 (cuidado, porque aqui Deus não está falando de batismo nas águas como muitos interpretam, mas de batismo na morte de Jesus. Batismo aqui significa estar incluído completamente nEle). “Ora, se já morremos com Cristo” Romanos 6.8. Jesus foi sepultado, nós também fomos sepultados com Ele na mesma identificação:  “Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” Romanos 6.4.

 

Depois de três dias e três noites, Deus ressuscitou a Jesus dentre os mortos, e ressuscitou-nos juntamente com Cristo, pois, também na ressurreição estávamos identificados juntamente com Ele, quando diz: “estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” Efésios 2.5. Esta identificação não é somente nossa com Jesus, mas Jesus também se identificou com o pecado de Adão e o nosso pecado quando nos atraiu para o seu corpo, e esta foi a causa da sua morte. Mas quando Deus ressuscitou a Jesus, livrando-o da morte, livrou-nos também da morte que tínhamos em Adão, dando-nos vida juntamente com Ele: “Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados” I Coríntios 15.22. Aleluia!

 

Por fim, esta identificação introduziu-nos nos céus, na presença do próprio Deus pela Pessoa de Jesus Cristo. Aquele trono que para nós seria o lugar da manifestação da ira e da sentença de Deus sobre nós, agora é o lugar que Deus nos chama à Sua comunhão: “e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus” Efésios 2.6. “Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne” Hebreus 10.19-20.

 

Finalmente, Deus completa este plano da sua tríplice justificação, com a ressurreição de Jesus quando diz: “o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação” Romanos 4.25. No sangue temos a reconciliação, a paz, o perdão, e a remissão dos nossos pecados. Na morte, temos a substituição de Jesus em nosso lugar naquela cruz, removendo toda a dívida, e pagando tudo o que Deus tinha contra nós. Na cruz Jesus também nos representou legalmente e plenamente diante de Deus. A sua expiação destruiu toda a culpa do pecado. Em Jesus também fomos identificados na sua morte, sendo por Ele atraídos, mortos, sepultados, ressuscitados e exaltados (glorificados) juntamente com Ele.

 

Completando a justificação, fomos ressuscitados juntamente com Cristo, possibilitando assim, o Espírito Santo trazer a nós neste tempo presente o arrependimento, a remissão dos nossos pecados, e a habitação do Espírito de Cristo no nosso interior, como o selo de Deus em todos aqueles que foram justificados, pois está escrito: “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro; sim, Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de pecados. E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem” Atos 5.30-32.

 

Não poderíamos ser justos diante de Deus, se esta justificação no fosse plena, pois, no sangue, todos os nossos pecados que cometemos no tempo da nossa ignorância, foram totalmente perdoados. Porém, não adiantaria somente perdoar os pecados e nos deixar escravos da mesma natureza que nos leva a cometer os mesmos pecados. Deus não faria uma obra tão grandiosa e só nos perdoaria dos pecados, deixando-nos escravos dele. Por isso, Deus incluiu-nos no corpo de Jesus na Sua morte, para que o corpo do pecado fosse destruído, a fim de não servirmos mais ao pecado como escravos. Assim nos ensina Deus quando diz: “sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado” Romanos 6.6.

 

Portanto, estando os pecados perdoados, e o velho homem destruído, Deus trouxe-nos vida abundante pela ressurreição de Jesus. Aqui se cumpre esta tríplice justificação de Deus: o sangue trouxe o perdão, a paz, e a reconciliação; a morte trouxe a destruição do velho homem, e a ressurreição trouxe a Vida de Cristo a nós, para nunca mais andarmos em temor, debaixo da condenação e da escravidão do pecado. A vida da ressurreição nos leva para uma vida santa, inculpável e irrepreensível diante de Deus: “agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis” Colossenses 1.22. “Tudo já está consumado” disse Jesus. Este foi o ato de justiça que Deus realizou em Cristo em nosso favor, totalmente pela Sua misericórdia e graça. Agora podemos crer e dizer: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” Gálatas 2.20.

 

A nossa justificação não nos é conferida por Deus pelas obras ou por qualquer coisa que possamos fazer, mas sim pela fé. Do contrário não seria graça, mas dívida: “Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, ao que trabalha não se lhe conta a recompensa como dádiva, mas sim como dívida; porém ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça; assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus atribui a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputará o pecado” Romanos 4.2-8.

 

Caso você seja um crente carnal, talvez agora você entenda porque tem prazer na lei de Deus, mas vê nos seus membros uma outra lei guerreando contra a lei do seu entendimento, e levando os seus membros cativos a obediência ao pecado e não a Deus. Simplesmente aceitar a Jesus em algum apelo, chorar e ter remorso da sua vida em pecado não traz esta experiência de libertação. Somente uma regeneração genuína, vinda de Deus, pela fé nesta plena justificação realizada em Jesus, onde seus pecados foram totalmente perdoados e você lavado no Seu sangue. Que você, o pecador está morto e o seu velho homem foi completamente destruído na Sua morte, e que você ressuscitou juntamente com Cristo, sendo assim nova criatura, nascida de novo, é que pode trazer a você uma verdadeira salvação. O resultado desta experiência é poder viver esta vida abundante que a Palavra de Deus tanto fala, já neste mundo, porque Ele diz: “Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo... para que, assim como o pecado veio a reinar na morte, assim também viesse a reinar a graça pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor” Romanos 5.17 e 21.

 

Diante de tudo isto, você poderá perguntar: - Mas então estas pessoas que crêem que Jesus morreu por elas. Aceitando-o como seu Senhor e Salvador; tornaram-se crentes, foram batizadas, e agora estão participando ativamente de uma igreja, mas que nunca creram na sua morte e ressurreição com Cristo está se perdendo? Com muita misericórdia temos que dizer que caso não venham a crer, já estão condenadas. O Espírito Santo nos instrui sobre isto quando diz: “Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é naqueles que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” II Coríntios 4.3-4. A religião tem sido um instrumento do diabo para enganar o mundo: “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele”  Apocalipse 12.9.

 

Mas Deus é o Senhor dos céus e da terra, e o diabo não conseguirá apagar nem esconder a Sua Verdade, porque Ele mesmo vela pela Sua Palavra para a cumprir. Esta Palavra não voltará para Ele vazia, pois assim diz o Senhor: “Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir” Jeremias 1.12. “Porque, assim como a chuva e a neve descem dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir e brotar, para que dê semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei” Isaías 55.11.

 

Peço a Deus que o Espírito te leve a considerar bem cada tópico abordado neste capítulo, porque nestas passagens das Escrituras nos é revelado o mistério da salvação que foi guardado por Deus dos séculos e das gerações. O intuito principal deste livro é a apresentação da verdade sobre a Palavra da cruz: “Porque a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que crêem” I Coríntios 1.18, 21.

 

Por ser um mistério, não posso fazê-lo por minha própria força ou persuasão, mas espero inteiramente na Sua graça (I Coríntios 15.10). Sei que todo aquele que experimentar esta obra do novo nascimento, também será um instrumento para dar testemunho a outros. Este testemunho não é somente meu, mas de muitas pessoas que neste tempo presente, estão experimentando esta verdadeira libertação realizada por Jesus para a vida eterna. O que tem acontecido, é o cumprimento da promessa de Jesus que diz: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” João 8.36.

 

Isto também não é uma doutrina de alguma igreja em particular, nem de homem algum. Nem como já me disseram: uma linha de pensamento; mas o verdadeiro testemunho de Deus. Esta é a Palavra que vem salvando vidas hoje, e salvou a todos em todas as gerações passadas. A isto Deus nos ensina: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá?” Números 23.19.

 

Os que são de Cristo, os verdadeiros filhos de Deus e nossos irmãos em Cristo, são todos aqueles que crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências, e pela fé na sua ressurreição juntamente com Cristo, nasceram de novo. Sem esta revelação verdadeira e necessária de fé, com certeza você estará entre aqueles a quem Jesus dirá claramente “Nunca vos conheci” Mateus 7.23.

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