A PEDRA QUE NOS ACOMPANHA

 

"Vinde, e tornemos ao Senhor, porque ele despedaçou,

e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida" Oséias 6.1.

 

Assim que o povo saiu do Egito e passou o mar vermelho, que claramente prefigura a nossa morte e ressurreição com Cristo, o povo entrou no deserto o teve sede. No princípio de nossa vida cristã gozamos de uma abundância de graça e provisão, mas logo em seguida é necessário que conheçamos o Pai (I João 2.14), e só o deserto pode nos prover isto. Só no deserto é que Ele consegue falar ao coração: "Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração" Oséias 2.14.

A primeira necessidade de água o Senhor supriu em Mara, onde as águas eram amargas. O Senhor mostrou uma árvore a Moisés, que lançada nas águas se tornou doce (Êxodo 15.22-25). Nunca enxergaremos nada e nunca teremos revelação espiritual se não vermos a Cristo em tudo. Toda Escritura testifica dEle (João 5.39).

Aquilo que era amargo se tornou doce. O que parece ser um tempo difícil de deserto, e o é, no final se torna doce. A cruz é feita de madeira tirada de uma árvore. Que figura bendita! Primeira a Palavra de Deus é amarga porque trata com o nosso EU, mas depois se torna doce quando provamos a Cristo. A palavra da cruz trata profundamente com a nossa carne e com a nossa alma, mas o resultado depois é muita doçura em Cristo.

A primeira vez Deus deu água de uma fonte amarga que a tornou doce, mas a segunda vez foi de uma rocha. E esta rocha era Cristo como diz Paulo em I Coríntios no capítulo 10, verso 4. Esta pedra os acompanhava no deserto. Por aonde o povo ia, a pedra ia também. Isto nos faz lembrar o que disse o nosso Senhor em Mateus capítulo 28, no verso 20 que diz: "... e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos".

A pedra é Cristo e Ele foi ferido por causa das nossas transgressões. Ele se tornou maldição por nós; se tornou pecado por nós, para que nele fossemos feito justiça de Deus. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas feridas fomos sarados. A pedra foi ferida para que pudéssemos ter vida e beber da fonte da vida (Isaías 53.4-5; II Coríntios 5.21; João 4.14).

Tirar água de uma pedra, ainda mais no deserto, parece um absurdo, mas maior absurdo é tirar vida da morte. Assim foi conosco em Cristo naquela cruz e também o é agora. Quando tudo parecia perdido, Deus o ressuscitou dentre os mortos e nos deu vida juntamente com Cristo (Efésios 2.5-6). Hoje, de homens caídos, pecadores e perdidos, Ele pode trazer vida e vida com abundância: "...para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal" II Coríntios 4.11).

Mas ouve um terceiro episódio com a falta de água que também traz um ensino muito precioso para nós nesses dias (Números 20.2-13). Na primeira vez Deus disse para Moisés ferir a rocha com a vara, mas desta vez para levar a vara, mas falar à rocha (v.8). A rocha já foi ferida, e foi ferida uma só vez. Agora o Senhor deseja sarar e não ferir, atar a ferida e não abri-la mais. O Senhor já fez a ferida em Cristo, e agora Ele quer curar e santificar o seu povo pela sua Palavra (Salmos 107.20).

Mas Moisés desobedeceu. Além de ele ferir a rocha novamente, feriu-a duas vezes. Por causa disso não pode entrar na terra, porque não santificou o nome do Senhor no meio da congregação. Quantas vezes não temos tomado esta mesma atitude? Ao invés de usar a Palavra de Deus para sarar, usamo-la para ferir os irmãos. Duas vezes. Ferimos ao Senhor e ferimos aos irmãos; ferimos a Igreja que é o próprio Senhor (Atos 9.5).

 Moisés com este episódio não perdeu a sua salvação. Não é o caso de perder a salvação, porque temos o testemunho que ele saiu do Egito e comeu do cordeiro pascal, mas perdeu o reino, o repouso sabático que Deus preparou para o seu povo: "Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus" Hebreus 4.9.

Canaã é a figura do reino que já gozamos agora através de Cristo (Lucas 17.21), mas também é a figura do reino milenar de Cristo. Por isso Hebreus 4, nos versos 1 a 13, o Senhor fala do descanso, representado em duas etapas. A primeira está no verso 3, e o segundo no verso 11. Se houvesse só o primeiro Deus não teria falado de outro dia como nos ensina o verso 7.

O primeiro faz relação com o descanso do sétimo dia da criação, que fala sobre a regeneração e o nosso descanso por e em Cristo. O segundo fala por Davi, que traz a figura de rei e da promessa do Messias para reinar. Um repouso sabático que ainda virá para o povo de Deus. E a condição para entrar neste reino é: "Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações" (v.7).

O primeiro é graça, porque o Senhor criou tudo, fez tudo e colocou o homem no seu descanso. O primeiro dia de vida do homem no Gênesis foi o descanso, mas este outro descanso o homem é responsável.

Veja que aqui não fala de um ímpio, porque ele já tem um coração duro, de pedra. Aqui o Senhor fala de alguém que tem um coração novo; que não é duro, mas de carne (Ezequiel 36.26-27). Se não é para endurecer, isto mostra que não é duro.

Que esta passagem das Escrituras nos ensine profundamente, pois o Senhor manda que levemos a sua vara, mas não para ferir o seu povo e conseqüentemente a Jesus, mas que seja falado com mansidão: "Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade" II Timóteo 2.25.

Mesmo que o povo esteja em rebeldia e em contenda contra o Senhor como estava à nação de Israel em Meribá, não podemos se irar e ferir a Sua Igreja com a Sua Palavra. Em toda e qualquer situação o servo do Senhor deve sempre corrigir com mansidão, porque a rocha sempre estará pronta para dar água, e manifestar graça a qualquer homem sedento: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba" João 7.37.

A rocha já foi ferida, e agora o Senhor vem curar por ela. Ele já fez a ferida, e agora a ligará. Uma vez ela foi cortada de um monte, mas foi cortada para se tornar uma pedra angular, uma pedra de edificação (Daniel 2.45).

Esta pedra nos acompanha, e nos acompanhará até o fim dando águas purificadoras, e santificadoras. Que cada um de nós olhe para a benção da rocha e não para o pecado do povo. Que possamos ajudar o povo a esperar, confiar, e tirar água dela sempre que for necessário.

Que o Senhor nos ajude a não tirar os olhos de Jesus, autor e consumador da nossa fé, para que naquele dia nos seja amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (II Pedro 1.11). Amém. 

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