A RESTAURAÇÃO DE DEUS - PARTE XX

A PORTA ORIENTAL

 

A porta oriental foi a nona porta a ser restaurada nos muros de Jerusalém. Em Neemias capítulo 3, nos versos 29 e 30 diz: "...e depois dele reparou Semaías, filho de Secanias, guarda da porta oriental. Depois dele reparou Hananias, filho de Selemias, e Hanum, filho de Zalafe, o sexto, outra porção; depois dele reparou Mesulão, filho de Berequias, defronte da sua câmara".

A porta oriental nos ensina sobre a volta de Cristo, a vinda do Senhor pela segunda vez. Pelas profecias bíblicas, quando o Senhor voltar pela segunda vez, ele colocará os seus pés sobre o Monte das Oliveiras que é defronte do templo e da porta oriental, no lugar de onde o Senhor fez o seu sermão profético antes de subir aos céus. Quando Ele voltar entrará na cidade pela porta oriental, que também é chamada de 'a porta do Rei' (I Cron. 9.18): "E, assentando-se ele no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, e Tiago, e João e André lhe perguntaram em particular: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir" Marcos 13.3-4.

Semaías quer dizer 'o Senhor tem ouvido'. Hananias quer dizer 'o Senhor é clemente'. Hanum quer dizer 'favorecido', e Mesulão que também reparou a porta do peixe quer dizer 'amigo'. Estes nomes estão todos relacionados com a igreja de Filadélfia. Filel é o amor de amigo em grego, do nosso amigo Jesus que tem ouvido o clamor do seu povo. Um povo que tem pouca força, mas tem guardado a sua Palavra e não tem negado o seu Nome. O Senhor tem ouvido o clamor do seu povo e os livrará, os favorecerá no tempo que há de vir para provar os que habitam sobre a terra (Apoc. 3.7-12).

A volta do Senhor é um evento que a Igreja espera desde o seu início. Antes mesmo do Pentecostes, quando Jesus subia aos céus, os seus discípulos já queriam saber quando seria a sua volta (Atos 1.6-7). A volta do Senhor já era tão esperada naquele tempo, que vários irmãos em Tessalônica já não queriam trabalhar porque não viam necessidade, já que o Senhor iria voltar em breve (II Tess. 3.10-11). Segundo alguns estudiosos, as cartas de Paulo aos tessalonicenses foram as suas primeiras cartas, e o seu tema central foi sobre a volta do Senhor.

O Senhor Jesus também instruiu os seus discípulos sobre o reino e a sua volta em muitas vezes, e estão relatadas em todos os evangelhos. A volta do Senhor sempre foi o desejo dos seus santos, um clamor do Espírito junto com a sua noiva (Apoc. 22.17). Esta é a bem-aventurada esperança da Igreja e a glória do nosso grande Deus e salvador Jesus Cristo: "Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo" Tito 2.13.

Tanto é assim que as Escrituras começam com o Gênesis e termina com o Apocalipse. Gênesis quer dizer origens, e Apocalipse quer dizer 'revelação', 'desvelação' ou retirada do véu. Enquanto que em Gênesis são lançadas as sementes (Gên. 1.11, 3.15), em Apocalipse são feitas as vindimas, as colheitas de tudo o que foi plantado, tanto a vida eterna como a corrupção e condenação (Apoc. 14.18). Gênesis é o princípio de tudo, de fazer nascer, de lançar os alicerces e Apocalipse é a culminação de toda a criação de Deus, e que desvela sobre a grande tribulação, a segunda volta de Cristo, o estabelecimento do reino milenar, e por fim do juízo final e os novos céus e nova terra com a Igreja, a Nova Jerusalém na eternidade.

O que seria da Igreja sem o livro de Apocalipse? A obra de Deus continuaria sendo um mistério, algo encoberto com um véu. O Apocalipse faz parte da revelação do mistério de Deus, porque Apocalipse é a revelação de Jesus Cristo, que Deus deu para mostrar à Igreja as coisas que brevemente irão acontecer (Apoc. 1.1). Apocalipse e a revelação de Cristo entronizado; daquele que foi morto, mas agora vive para sempre e que agora tem as chaves da morte e do inferno (Apoc. 1.12-18).

O livro de Gênesis nos fala do propósito de Deus, do eterno propósito de Deus em Cristo, ainda que por figura, mas o livro de Apocalipse nos dá a revelação completa daquele que foi exaltado muito acima de todo principado e potestade, e de todo nome que se nomeia. Daquele que todas as coisas estão sujeitas debaixo dos seus pés, e que foi constituído como cabeça do corpo da Igreja. Fala daquele por quem tudo foi criado, e que pertence toda a glória. Fala daquele que venceu, e que é o único que é digno de receber glória, honra, poder e majestade, e que por isso os céus o adoram, e de dia e de noite proclamam: Santo, Santo, Santo.

A porta oriental nos fala deste testemunho de Deus a ser restaurado, da esperança da Igreja na volta do seu Senhor. A partir da regeneração, todo o trabalho do Espírito com a Igreja é prepará-la para as bodas. Este é um dos principais ministérios que o Senhor encarregou o Espírito (Jo. 16.13). Depois que ouvimos o evangelho da graça o Espírito passa a ministrar à Igreja o evangelho do reino. A porta oriental também nos fala do evangelho do reino, assim como a porta das ovelhas nos fala do evangelho da graça. É por esta porta que entraremos com Cristo para reinar por mil anos. É por ela que entrará o Rei da Glória (Sal. 24).

A porta das ovelhas nos fala do Cordeiro de Deus que foi morto, mas que pela glória de Deus ressuscitou, mas a porta oriental nos fala do Cordeiro que foi morto, mas que agora está assentado à destra da majestade nas alturas. A porta das ovelhas mostra a obra sacrificial de Cristo e a nossa salvação, mas a porta oriental nos fala da nossa entrada no seu reino, e de reinar juntamente com Ele. No reino que o Pai deu a Ele por mil anos.

A restauração desta porta também significa amar a sua vinda; preparar a sua vinda. Como diz Pedro, temos que aguardar e apressar o dia de Deus (II Pd. 3.12). Os eventos que o Senhor foi realizando durante o tempo da história do homem foram vistos por aqueles que viviam em cada época. A nossa geração poderá até passar o tempo da grande tribulação, um tempo previsto nas Escrituras que nunca houve, nem nunca haverá desde o princípio da criação (Mt. 24.21), mas o retorno de Cristo será um evento que toda a Igreja verá e participará. Na volta do Senhor os mortos irão ressuscitar e os que estiverem vivos serão transformados, e então todos irão para o encontro com o Senhor nos ares (I Cor. 15.52, I Tess. 4.17).

Esta porta tem o nome de oriental porque ela fica do lado leste do muro que dá de frente para o templo, alinhada com a porta de entrada do templo. Como vimos anteriormente, a porta do templo ficava para o lado do sol nascente, porque Cristo é o sol da Justiça e a resplandecente estrela da manhã. O aparecimento de Cristo vai ser do oriente e vai até o ocidente (Mat. 24.27). Quando Jesus veio a primeira vez o sinal que os reis magos viram através da estrela também foi do oriente (Mat. 2.2).

Esta entrada, onde era a antiga porta oriental se encontra fechada no dia de hoje. Ela é chamada de porta dourada por ter um aspecto de cor dourada. Dizem que ela foi fechada pelos árabes no século IX porque os judeus diziam que o Messias viria e entraria por aquela porta para libertá-los. No sentido de evitar este cumprimento profético eles selaram esta porta. Mas não há nada por acaso na Palavra de Deus. O que aconteceu é que eles estavam cumprindo uma profecia bíblica que diz: "Fez-me voltar para a porta exterior do santuário, a qual olha para o oriente; e estava fechada. E me disse o Senhor: Esta porta estará fechada; não se abrirá nem entrará por ela homem, porque o Senhor Deus de Israel entrou por ela; estará, portanto, fechada" Ezequiel 44.1-2.

Dizem que por duas vezes tentaram abrir esta porta, mas não tiveram êxito; e não terão, pois a profecia diz que somente será aberta pelo Messias. O texto de Zacarias capítulo 14, nos versos 4 e 5 diz que quando o Senhor vier, Ele fenderá com os seus pés o Monte das Oliveiras e creio que esta fenda é que deverá abrir esta porta, porque ela irá do oriente para o ocidente: "E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul. E fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como fugistes de diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos contigo".

Eu sempre pensei que o lugar do templo de Israel estava tomado pelo Domo da Rocha, o templo muçulmano, mas não. Um irmão compartilhando comigo me disse que o lugar está vago. Olhando pela imagem de satélite podemos ver que a área do templo está livre, e se encontra ao lado direito do templo muçulmano, defronte da porta oriental. A referência é a porta oriental que fica do lado oposto do muro das lamentações. Por isso creio que este será o símbolo da falsa paz, onde será autorizada a reconstrução do templo de Israel e onde muçulmanos e judeus irão adorar juntos no monte Moriá.

A reconstrução do templo de Israel é um dos sinais mais evidentes da volta de Cristo depois do estabelecimento do estado judeu e da reconquista da terra. Até o ano de 1948 a igreja vivia sem um referencial para a volta de Cristo, mas a partir desta data a volta de Cristo se tornou um dos assuntos mais ensinados pelo Espírito à Igreja. Muitas das profecias bíblicas foram totalmente cumpridas quando Israel retornou para a sua terra, quando Israel voltou a ser nação novamente. Por isso Israel se tornou um referencial para a Igreja de Deus.

Até 1948 a Igreja viveu um tempo meio escuro quanto às profecias sobre a volta de Cristo. Os irmãos do passado pouco tocaram no livro de Apocalipse, e os que fizeram, o fizeram com muitas reservas. Somente no meio do século XIX o irmão Robert Govett compartilhou sobre o Apocalipse e se referiu ao reino. Mas o próprio irmão Spurgeon disse que os escrito de Govett foram de 100 anos antes do seu próprio tempo. Os escritos de Govett também influenciaram muito o irmão Watchman Nee. Os estudos sobre o Apocalipse de Watchman Nee têm como base os escritos de Govett. Tanto é assim que quando ele foi abordado sobre publicar os seus estudos sobre o Apocalipse ele disse: - Não é preciso, já foi escrito pelo irmão Govett. Leiam os escritos dele que vocês terão todo o conteúdo que foi compartilhado.

Mas após 1948 as profecias sobre os finais dos tempos foram descortinadas para a Igreja. A partir daí o Espírito tem levantado muitos irmãos a falar sobre os tempos finais. De todas as profecias relacionadas a Israel agora, a mais aguardada pela Igreja é a reconstrução do templo. Quando isto acontecer saberemos que o tempo está muito próximo. Para a Igreja este é um dos principais eventos, por isso o Espírito tem cuidado para que ela esteja ciente e totalmente preparada. A Igreja não será surpreendida na volta de Cristo, mas estará preparada e esperando.

Quando o Senhor fala que virá como um ladrão de noite não está dizendo para aqueles que o esperam, para aqueles que amam a sua vinda, mas para aqueles que estão envolvidos com as coisas desta vida, em amizade com o mundo. Este dia não vai surpreender os que andam na luz: "Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas" I Tessalonicenses 5.2-5.

Este dia não vai surpreender os filhos que andam na luz porque eles estarão desejando a sua vinda, e apressando este dia. O clamor da Igreja, preparada e ataviada junto com o Espírito, está dizendo: Vem amado Jesus (Apoc. 22.17). Todo aquele que anda na luz permanece nEle como ensina o Espírito, e quando Ele se manifestar não ficarão confundidos na sua vinda (I Jo. 2.27-28). Esses são os que verão os acontecimentos e estarão com os seus olhos voltados para cima, esperando a sua redenção (Luc. 21.28); discernindo os tempos (Mt. 16.3).

Por isso a restauração desta porta, da porta oriental é muito importante para Deus. Cada porta está colocada em seu próprio lugar e sequência. Nenhuma é por acaso, e todas como podemos ver tem o seu lugar próprio. Há uma sequência na restauração das portas e do muro de Jerusalém, e elas não são por acaso. O Senhor usa esta sequência na sua restauração. A próxima e última porta é a porta de Mifcade, a porta do juízo. Continua...

 

Obs: Amados irmãos, não deixem de ler os versículos acima citados entre parêntesis, porque eles são a parte mais importante desta meditação. Não é o texto escrito que tem valor, mas a Palavra de Deus. Ela é que é viva e eficaz. O texto é como Esdras fez, para dar sentido ao que estamos falando. O sentido é nosso, mas a Palavra é de Deus. Amém.

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