A RESTAURAÇÃO DE DEUS

PARTE VII - O MINISTÉRIO SACERDOTAL I

 

A Casa de Deus é espiritual, mas ela tem a parte prática que é o serviço da Casa, ou o ministério sacerdotal. Como em toda a restauração de Deus, na restauração do seu testemunho, o ministério sacerdotal na Casa de Deus que pertence a Cristo também tem que ser restaurado. Paulo nos ensina em I Timóteo capítulo 1, no verso 12, que o serviço da Casa de Deus pertence a Cristo. Todo o ministério pertence a Ele, mas que aprouve a Ele nos colocar, no SEU ministério.

Por isso só há um ministério sacerdotal, o sacerdócio de Melquisedeque, o ministério eterno de Cristo. Todo filho de Deus é um sacerdote, e por ser segundo a ordem de Melquisedeque tem um sacerdócio real, e todo verdadeiro sacerdote estará ligado a este ministério. Um sacerdócio real e eterno de justiça e de paz (Heb. 7.2). Não um sacerdócio levantado pelos homens, mas pelo poder de uma vida indissolúvel (Heb. 7.16). Aleluia! Tudo é Cristo, e tudo é por Cristo.

Todo sacerdócio tem duas funções, ministrar coisas espirituais a Deus e levar aos homens instrução e conhecimento de Deus (Mal. 2.7). Ministrar a Deus e aos homens pela vontade de Deus (II Cor. 8.5). Cristo em nós é o apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão que necessitamos considerar (Heb. 3.1). Por isso todo filho de Deus é edificado como Casa espiritual e sacerdócio santo, a fim de oferecer sacrifícios espirituais. Mas só é possível ser agradável a Deus se for por Jesus Cristo (I Pd. 2.5).

Como vimos anteriormente, o modelo que Deus deu a Moisés e Davi era o modelo de um tabernáculo celestial. Ele era um modelo de Cristo, porque ele tomou um tabernáculo quando se fez carne (Jo. 1.14), e a partir da sua ressurreição estabeleceu um santuário celestial, que é o novo homem (II Cor. 5.1-2). Ele como o cabeça e nós como o seu Corpo, o seu complemento (Ef. 1.22-23).

Por isso temos que ver pelos olhos espirituais o verdadeiro tabernáculo de Deus (Heb. 8.1-2). No templo e no tabernáculo havia, podemos assim dizer, 4 partes: o santíssimo, o santo lugar, o átrio ou pátio exterior, e o arraial. Duas partes internas e gloriosas, e duas partes externas. Duas que são ministradas a Deus e duas que são ministradas aos homens, ainda que o pátio exterior e o arraial estivessem divididos por cortinas. Isto mostra uma diferença entre os pecadores que veremos mais adiante.

Como vimos o pecador não podia ver a glória interior do santuário. Somente o sumo sacerdote e os sacerdotes podiam ver. Quem fazia o serviço do tabernáculo era somente Arão e seus filhos, mas isto não estava no coração de Deus desde o princípio. No princípio Deus queria que todo o povo fosse uma nação sacerdotal, e este continua sendo o Seu propósito hoje para todo filho de Deus (Êx. 19.6).

Quando somos transportados do império das trevas, para o reino de Cristo (Col. 1.13), somos feitos reis e sacerdotes sobre a terra. A partir daí não precisamos mais ver a glória de Deus somente na criação (Sal. 19.1), na parte externa deste tabernáculo celestial, mas recebemos, passamos a conhecer e ser transformados por esta glória na face de Jesus Cristo (Jo. 17.22, II Cor. 4.6, II Cor. 3.18). Depois de chamados e justificados, somos glorificados (Rom. 8.31).

O sacerdote podia entrar em três partes: no arraial, no átrio e no santo lugar, mas somente o sumo sacerdote podia entrar também no santíssimo lugar. Isto nos mostra que somente Cristo, além dos outros lugares, entrou fisicamente no santíssimo lugar, pois ele teve que sair e ser sacrificado fora da porta. Agora temos um homem, um sumo sacerdote que entrou no próprio céu para comparecer por nós perante a face de Deus (Heb 9.24).

Por Ele temos acesso ao santíssimo lugar em espírito e em verdade, pois o véu que separava já não separa mais; foi rasgado de cima para baixo. Fisicamente não podemos penetrar os céus, mas temos por Cristo, acesso ao Pai em um mesmo espírito (Ef. 2.18). E tudo o que Ele tem ouvido do Pai, nos tem dado a conhecer (Jo. 15.15).

Cristo está por nós, no próprio céu, assentado à destra de Deus, e nós como sacerdotes reais, ministramos na Casa de Deus no santo lugar. Mas todo ministério sacerdotal é a Deus e aos homens. Por isso ministramos no santíssimo e no santo lugar a Deus e no átrio e no arraial aos homens, aos pecadores (Heb. 13.13).

Sem entrar em muitos detalhes, pois isto pode ser conhecido por livros e pela ministração de outros irmãos que considero mais capazes, gostaria de olhar com a ajuda do Espírito para o ministério sacerdotal em si, para os serviços que se fazem na Casa de Deus. Vermos por estas quatro partes e pelas mobílias internas do tabernáculo e do templo, quais são os serviços que Cristo ministra através dos seus santos, dos seus sacerdotes.

No santíssimo lugar temos o ministério específico de Cristo, como o sumo sacerdote, no santo lugar o sacerdócio de todos os santos que são feitos a Deus em Sua Casa. No pátio externo aos pecadores que estão se aproximando de Deus, se achegando para conhecer a Deus, e no arraial a todos os pecadores. Todos eles são ministérios de Cristo, mas um é específico dele como sumo sacerdote e três são dEle através dos santos.

Por isso todo homem que ministra algo espiritual e verdadeiro, aceitável e na presença de Deus, só é possível por Jesus Cristo (II Cor. 12.19). Portanto, o título pertence somente a Ele; seja de apóstolo, profeta, pastor, mestre ou qualquer outro ministério, a glória pertence a Ele. Somente nEle está todo o prazer de Deus, e nós só podemos ser agradáveis, ou aceitáveis a Deus no Amado (Ef. 1.6). Todo o que se gloria, glorie-se no Senhor. Tomemos o encargo e deixemos o cargo e a glória para quem é digno.

O primeiro ministério interno a Deus era realizado pelo sumo sacerdote no santíssimo lugar. Cristo como o nosso sumo sacerdote inaugurou por nós um caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne. Hoje podemos entrar por Ele na presença de Deus com inteira certeza de fé, porque com o seu sangue ele purificou todas as coisas (Heb. 9.26); Ele nos comprou, e nos fez reis e sacerdotes para Deus (Apoc. 5.10).

Dentro do santíssimo lugar estavam a arca da aliança e o incensário de ouro (Heb. 9.3-4). Do incensário vamos falar depois, junto com a mesa dos pães e o candelabro de ouro, porque estas peças falam dos ministérios sacerdotais dos santos. Ainda que estivesse no santíssimo, vamos incluí-lo com as outras duas peças, porque como o véu não existe mais, e ele ficava defronte do véu que separava o santíssimo do santo lugar, foi incluído agora para ser ministrados não somente pelo sumo sacerdote, mas por nós também,  como um serviço mútuo.

A arca é a primeira peça a ser colocada no tabernáculo porque ela representa a aliança que Deus fez conosco por Cristo, e também porque tudo começa por Cristo; tudo provém dEle. A arca e todas as peças que a compunham, tanto externas como internas, representam tudo o que já está consumado em Cristo na presença de Deus. Tudo o que já está em Cristo e que agora está sendo conformado em nós, os seus filhos. Ele é o varão perfeito que já está assentado nos céus, e que através do seu ministério, do ministério da cabeça, todos os santos estão sendo conformados à sua imagem.

A arca na parte externa nos revela a humanidade de Cristo, que como homem morto e ressurreto, trouxe uma reconciliação e uma comunhão perfeita de Deus com o homem que foi morto e ressurreto juntamente com Ele. Tudo na base da justiça pelo sangue que satisfez toda a exigência de Deus (Rom. 3.21-22, 8.3-4), diante de um trono de graça e misericórdia (Heb 4.16). Tudo diante dos olhos do Pai e do seu Espírito representado pelos dois querubins de glória (Heb. 9.5).

Na parte interna da arca mostra a divindade de Cristo e os seus atributos, que é o propósito de Deus para que todo filho chegue, isto é, à estatura de varão perfeito.  Lá tinha as tábuas da lei que representa o caráter e a santidade de Cristo na nova criatura; o vaso de ouro com o maná, que é o pão que dá vida e que alimenta todo homem, pois comemos desse pão, mas também somos pão para outros por Cristo; e por último a vara de Arão que mostra a vida ressurreta, eterna e frutífera de Cristo em nós, diante de Deus pela eternidade.

Depois do santíssimo, temos o santo lugar. No momento iremos deixar o santo lugar e o altar do incenso para a última parte deste estudo sobre a restauração de Deus, que fala do serviço sacerdotal de todos os santos, e ver agora qual é o nosso ministério sacerdotal em favor dos homens pecadores. O serviço no pátio externo, onde os sacrifícios eram realizados, e fora das portas, para fora do tabernáculo, dentro do arraial.

Deus mandou colocar o tabernáculo fora do arraial porque Ele desejava que todo aquele que fosse ao tabernáculo, fosse para se aproximar de Deus. Fosse verdadeiramente para o buscar, e não por obrigação, ou porque ao vê-lo se recordava (Êx. 33.7). O pátio externo nos ensina o serviço da Casa de Deus em apresentar a Cristo e este crucificado aos homens que estão sendo chamados por Deus, aos pecadores que estão se achegando a Deus para o buscar. Estes são como fala Paulo em I Coríntios 14.24-25, para serem convencidos e julgados por todos, e para que os segredos do seu coração sejam manifestos.

Já o arraial, isto é, fora da porta como nos diz Hebreus 13.13, nos ensina o serviço sacerdotal quanto à pregação do evangelho a toda criatura. É o ide de Jesus por todo o mundo (Mc. 16.15). Todos estes são ministérios de todos os santos, de todo sacerdote real e não de algum grupo especial ou qualificado de irmãos. Como veremos a seguir, todos ministram dentro e fora na Casa de Deus; ministram coisas espirituais a Deus e aos homens. Como Cristo, pois é por Ele, cuidam das coisas do Pai, e crescem em sabedoria, estatura e em graça diante Deus e dos homens (Luc. 2.49-52).

Algo importante também lembrar é que os sacerdotes não ficavam todo o tempo no ministério, ou no serviço da Casa. Eles continuavam sendo sacerdotes, mas tinham os turnos de serviço (Luc. 1.8, I Cron. 9.25), e o restante do tempo cada um cuidava da sua casa. Isto nos ensina que os que são casados não podem estar todo o tempo no serviço, pois tem também que cuidar da sua casa. Como nos ensina Paulo em I Coríntios 7.33-34, toda pessoa solteira pode e deve cuidar somente das coisas do Senhor, mas o que é casado estará dividido, pois terá também que cuidar das coisas do mundo em como há de agradar a sua esposa, e em governar a sua casa.

As duas instituições, a Igreja e a família foram criadas por Deus, e, portanto, são importantes e necessárias serem cuidadas diante dEle. Em seguida queremos olhar para o serviço dos sacerdotes que se faz na Casa para Deus. Os sacrifícios espirituais agradáveis a Deus que estamos sendo edificados para cumprirmos de forma graciosa. Que o Senhor nos dê graça para enxergar e andar. Continua...  

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