A RESTAURAÇÃO DE DEUS - PARTE IX

O MINISTÉRIO SACERDOTAL

 

O CANDELABRO DE OURO

 

Como vimos anteriormente, o ministério sacerdotal pela figura do tabernáculo ou do templo são figuras celestiais (Heb. 9.23, 8.1-2). São coisas espirituais que dizem respeito a Cristo, o testemunho de Deus a ser restaurado. Por serem espirituais e celestiais eles devem ser vistos com olhos espirituais, por fé e por revelação do Espírito de Deus.

A primeira mobília que vimos - não na ordem que eram colocadas no tabernáculo ou no templo-, é a mesa dos pães da proposição. Toda a mesa é Cristo, aliás, tudo é Cristo. Se Deus olhar e não ver o seu Filho não irá ter prazer, porque todo o seu prazer esta em seu Filho. E nisto também se refere a restauração que temos visto, a restauração do testemunho do Senhor.

A mesa nos ensina a restauração no que diz respeito à comunhão, mas esta comunhão só é possível em Cristo e na Luz da Sua Palavra pelo Espírito. Não é possível haver comunhão sem Luz, por isso Deus colocou do lado oposto à mesa o candelabro de ouro. O candelabro iluminava o ambiente e a mesa dos pães. O candelabro era todo de ouro, inclusive os utensílios para a limpeza dos pavios. Isto nos ensina que tudo provêm de Deus, tudo é divino, tudo tem que ser por Cristo. Os homens podem ser instrumentos, mas na Casa de Deus só Ele pode operar algo que tenha valor espiritual, valor eterno.

A Igreja também tem a figura do candelabro porque a sua função é ser luz para o mundo (Apoc. 1.20). A Igreja é como uma cidade edificada sobre um monte que não se pode esconder (Mat. 5.14). Que preciosa figura Jesus dá aqui! Mas quão pobre é pensarmos que Ele está falando de um lugar de reunião, ou daquilo que chamam de igreja. Os dois versos seguintes, isto é, o 15 e 16 do mesmo capítulo 5 de Mateus, Jesus não deixa dúvida quando diz que a luz é dEle diante dos homens: "Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus".

Na mesa havia 12 pães como vimos, porque ela é o gozo do Senhor por Cristo no homem e através do homem, mas no candelabro, apesar da luz irradiar pelas lâmpadas que são os santos, os sacerdotes reais, tudo provém de Cristo, do Espírito de Cristo. O candelabro não era de madeira de acácia coberto de ouro, mas era de ouro puro. Tudo nEle era divino, tanto o óleo como o fogo proveram de Deus (Lev. 9.22-24). Isto nos ensina que mesmo que a Luz na Casa de Deus venha através dos homens, para ser luz verdadeira, tudo deve provir somente de Cristo. Caso contrário será fogo estranho.

O ministério da Palavra não cabe a carne do homem. No ministério da Palavra nada pode ser do homem, nada do EU pode ser usado. Como podemos ver Cristo se manifesta através dos homens, mas só o que provém dEle pode ser santo e ter algum valor espiritual a Deus. Todo o serviço da Casa de Deus no santo e no santíssimo é a Deus, mas como podemos ver, só pode ser agradável a Deus se for por meio de Jesus Cristo. Para isso temos sido edificados e aperfeiçoados como sacerdotes reais (Heb. 13.21).

É o candelabro, a Luz do Senhor por Cristo, pelo ministério da Palavra manifestado pelo Espírito que mantém acesa a comunhão entre os santos, a comunhão na mesa do Senhor. Sem esta Luz a comunhão não seria agradável. Não há comunhão sem a Palavra, pois tudo é no Espírito. O candelabro é a figura dos ministérios da Palavra vindos por Cristo através dos seus santos, trazendo justiça, paz e alegria no Espírito Santo, como também edificação, consolação e exortação (I Cor. 14.3).

As Escrituras confirmam isto quando diz que no tempo de Samuel esta lâmpada estava se apagando (I Sam. 3.3). A Palavra de Deus era muito rara, isto é, não havia visões freqüentes (v.1). Sabemos que não havendo visão, não havendo luz o povo se corrompe (Pv. 29.18). O candelabro sem luz perde a sua função (Apoc. 2.5), por isso era mantido sempre aceso, e cuidado para que a Luz do Senhor se mantivesse na maior intensidade.

Para que mantivesse a maior intensidade de luz os pavios eram aparados para que fosse retirada a parte queimada. Como lâmpadas que somos, o Senhor cuida para que esta luz resplandeça sempre e intensamente através de nós(Isa. 60.1), mas como vimos, isto não é obra do homem e sim divina, pois a espevitadeira e o cinzeiro também eram de ouro. Só o Senhor sabe a necessidade de cada um; só Ele sabe qual a medida e qual o tempo de nos limpar.

O candelabro mostra que a manifestação de Deus a nós é pela Sua Palavra (I Sam. 3.21). Desde o princípio da criação do homem é assim. No jardim do Éden Adão e a mulher não viram nada, mas a comunhão inicial e também depois do pecado com Deus foi pela Sua Palavra. Assim também é com Cristo e com todos os irmãos. Não há comunhão fora de Cristo e fora da Sua Palavra. Assim é que o Senhor se manifesta a nós, e assim é que temos comunhão uns com os outros, em Cristo por Sua Palavra.

A Palavra de Deus é ministrada em todo o sacerdócio, no que diz respeito a Deus e no que diz respeito aos homens. Tanto no santíssimo, como no santo, no átrio e no arraial, a Palavra de Deus é o instrumento de ministração dos sacerdotes. Por isso Isaías diz no capítulo 55, no verso 10 o seguinte: "Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca".

A Palavra de Deus que sai da boca de Deus tem duas funções: dar semente ao que semeia e pão ao que come. A semente é para ser ministrada aos homens no átrio e no arraial, e o pão é para ser ministrado a Deus no santo lugar. Não comemos a semente, mas comemos o pão e semeamos a semente. O pão é lançado sobre as águas e a semente na terra (Ecl. 11.1, e 6). Um para a regeneração e o outro para a santificação.

O candelabro junto com a bacia de bronze eram as únicas peças que não tinham medida, o que nos revela que não há medida para a Luz do Senhor ao seu povo, nem o seu poder purificador. E também a luz era mantida acesa, mostrando que esta luz será pela eternidade. Vida eterna é conhecer a Deus e a Jesus Cristo (Jo. 15.3).

Mas ele também traz algo precioso porque era forjado em uma só peça. Era uma obra de artífice, de ouro batido (Êx. 25.31). Isto nos ensina que todo ministério da Palavra é de Cristo através dos homens, mas não há ministério pessoal; não há ministério em favor de algo que não seja a Igreja de Cristo.

O candelabro estava no santo lugar porque ele tem o aspecto do testemunho antes da obra. No ministério da Palavra todos tem um só ministério, o ministério de Cristo (At. 1.17, I Tim. 1.12). Todo ministério sacerdotal é na Casa de Deus com um único propósito, porque há um só corpo. Todo ministério visa a edificação do Corpo de Cristo. Na Casa de Deus todos procedem de uma só ordem sacerdotal, de um só seminário ou escola, a de Deus. Todos são ensinados por Deus (Jo. 6.45).

Da haste central saíam seis braços, três de um lado e três de outro (Êx. 25.32). Sempre que olharmos para qualquer peça nunca podemos nos esquecer que tudo revela a Cristo, e se há algum aspecto humano, sempre é por Cristo. Porque além de tudo ser dEle, tudo é por Ele, e tudo é para Ele. Todo o trabalho de Deus em nós é que Ele seja tudo em todos.

O candelabro tem a figura de irradiar luz através de Cristo que é o próprio candelabro com as suas sete pontas que são os sete espíritos do Senhor (Apoc. 3.1, Isa. 11.2), para que na Sua luz possamos ver a Luz (Sal. 36.9). No candelabro haviam sete lâmpadas, mas mostra pela haste central que nEle há uma unidade, há uma só luz, um só Espírito. Esta unidade também é mostrada na figura da Igreja como o candelabro nos sete elementos de Efésios capítulo 4, nos versos 4 a 6 que são: Um corpo, um Espírito, uma vocação, um Senhor, uma fé, um batismo e um Deus de todos, que é sobre todos, por todos e em todos. Uma só peça, todo de ouro, tudo por Deus.

Mas o candelabro também tem a figura do ministério sacerdotal de Cristo através dos filhos de Deus como Igreja, através das lâmpadas. O candelabro que ilumina o ambiente é a luz para a comunhão (I Jo. 1.5), com e através de todos os santos que são as lâmpadas. Todo o serviço prestado ao Senhor é realizado à Luz da Sua Palavra, através das lâmpadas que é o espírito do homem (Pv. 20.27), mas todos mantendo uma perfeita unidade.

Na figura do candelabro, a haste central é Cristo, porque tudo provém dEle sempre. Agora os três braços à esquerda e os três braços à direita revelam também os ministérios de Cristo através dos seis ministérios da Palavra que se faz pelos filhos de Deus. O número 6 é o número do homem, mas os 6 braços representam os braços do Senhor manifestando a sua graça e poder através do homem (Sal. 89.13, Isa. 53.1).

Em Efésios capítulo 4, nos versos 11 e 12, também temos os seis ministérios da Palavra a favor dos santos, entre eles os apóstolos, os profetas, os evangelistas, os pastores, os doutores, e os santos aperfeiçoados. Os cinco ministérios que equipam os santos para que esses possam fazer a obra do ministério para a edificação do corpo de Cristo. Apesar de sabermos que são cinco os ministérios da Palavra, os ministérios dos santos não são sem a Palavra. Todos por Cristo iluminam a Casa de Deus.

Mas há algo precioso também no candelabro que diz respeito ao ministério sacerdotal dos santos através da Luz da Sua Palavra. É que no candelabro tinham taças, botões e flores (Êx. 25.33-36), e  a soma de todas as peças dá 66, isto é, corresponde aos 66 livros da Bíblia. 66 porque foram escritos para o homem.

Mas não somente isto, se tomarmos os três braços da parte esquerda do candelabro e somarmos todas as peças, e depois somarmos com as doze peças do pedestal ou haste central temos o número 39 que representam os 39 livros do Antigo Testamento. O que sobra são as 27 peças dos 3 braços da direita que corresponde aos 27 livros do Novo Testamento. Os doze do meio são considerados os profetas menores, mas são os que fazem a ligação preciosa entre o Velho e o Novo Testamento. Muito precioso e revelador.

Como a mesa da proposição mostra a comunhão de todos os santos, dos que estão nos céus e dos que estão na terra, o candelabro também ilumina a comunhão dos que estão na terra com os que estão nos céus. Ele mostra a obra do Espírito dando testemunho a toda a família de Deus nos céus e na terra (Ef. 3.15). Por isso Ele diz em Levítico 24, dos versos 1 a 4: "a fim de manter a lâmpada acesa continuamente... desde a tarde até a manhã... conservará em ordem as lâmpadas perante o Senhor continuamente".

Como já vimos em I João no capítulo 5, nos versos 7 e 8 três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito, e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, a água, e o sangue, e estes três concordam num. Agora não são mais as figuras daquilo que é celestial, mas a realidade celestial, a realidade divina e espiritual que procede do céu. Não são ministérios figurativos, mas a realidade do Espírito naquilo que é celestial. Aleluia! A Igreja é celestial.

Como nos ensina Deus por Isaías 11, o verso 2, recebemos pelo Espírito do Senhor, o óleo puro do Senhor, pela luz da Palavra: a sabedoria, o entendimento, o conselho, o fortalecimento, o conhecimento e o temor do Senhor. Quão rica tem sido a comunhão com o Pai e com o seu Filho Jesus e uns com os outros! É um gozo completo. É realidade espiritual, viva e eficaz (Heb. 4.12) e não somente palavras. As suas palavras são espírito e são vida, e tudo vivificado pelo Espírito (Jo. 6.63).

Ao contrário dos tempos de Samuel, o Senhor tem iluminado de forma abundante e contínua a nossa comunhão neste tempo, por isso devemos atentar com mais diligência para as coisas que temos ouvido (Heb. 2.1). Não desprezar aquele que nos fala porque Ele a sua Palavra tem vindo lá do céu (Heb. 12.25). O Senhor tem nos enviado a sua Luz para que olhemos para Ele e sejamos iluminados e não fiquemos confundidos (Sal. 34.5).

Como o candelabro deveria ficar aceso constantemente, a nossa luz também deve brilhar diante de Deus e dos homens constantemente, porque se a luz que há em nós forem trevas, quão grande serão tais trevas (Mat. 6.23).

O santo lugar é onde os santos na Presença e na Luz do Senhor têm uma santa comunhão e gozam de todos os privilégios celestiais e divinos. Não para alguns homens especiais, mas para todos os filhos de Deus; para toda a nação santa, para todos os sacerdotes reais. Onde todos podem gozar por Cristo do serviço que se faz a Deus e aos homens pela vontade de Deus na Casa de Deus. Por amor e não por preço.

Quão pobre é pensarmos que somos a Igreja só quando estamos congregados. Quão miserável é pensarmos que a Palavra e a comunhão só pode se dar quando nos congregamos em algum lugar. A queda é tanta que muitos chamam de igreja um local ou um edifício feito por mãos humanas. A Igreja é espiritual e estamos nela em todo o tempo.

Nós podemos gozar dela em todo o tempo, tanto da Luz como da comunhão continuamente, sem limite de espaço ou tempo. Por Cristo estamos na presença do próprio Deus, com todos os santos em comunhão, no céu e na terra. Em espírito e em verdade, podendo ministrar coisas espirituais a Deus e aos homens. Continua...

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