Dia 06 de abril

 

 

Sermão do Monte - Parte XX

"E, abrindo a sua boca, os ensinava...".

Mateus 5.2.

 

O sermão do monte é o marco que iniciou a caminhada de Jesus no seu ministério de ensino aos seus discípulos. Depois de separar seus doze apóstolos, percorreu toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino de Deus, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo. Assim a sua fama correu por toda a Síria. De sorte que o seguiam grandes multidões. Jesus, pois vendo as multidões, subiu em um monte e passou a ensiná-las sobre o Reino de Deus.

E abrindo a sua boca, disse-lhes: "Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas" Mateus 6.25-32.

Em toda a criação de Deus, só o homem é solícito quanto às suas necessidades. Todos os outros esperam de Deus todas as coisas: "Ó SENHOR, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas. Assim é este mar grande e muito espaçoso, onde há seres sem número, animais pequenos e grandes. Ali andam os navios; e o leviatã que formaste para nele folgar. Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno. Dando-lho tu, eles o recolhem; abres a tua mão, e se enchem de bens. Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras o fôlego, morrem, e voltam para o seu pó. Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra" Salmos 104.24-30.

A criação de Deus sempre foi instrumento de testemunho para o homem, sejam os céus e o firmamento: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" Salmos 19.1, como também os animais: "Mas, pergunta agora às alimárias, e cada uma delas te ensinará; e às aves dos céus, e elas te farão saber; ou fala com a terra, e ela te ensinará; até os peixes do mar te contarão. Quem não entende, por todas estas coisas, que a mão do SENHOR fez isto? Na sua mão está a alma de tudo quanto vive, e o espírito de toda a carne humana" Jó 12.7-10.

Nos versos que iniciamos, em quase todos eles Jesus usa  a mesma expressão: "não andeis ansiosos", ou "não andeis, pois, inquietos". Essa ansiedade e inquietude são inerentes no homem pecador, porque o homem pecador é soberbo por natureza, e está separado da vida de Deus. Ele não vê o cuidado de Deus em nada, somente a sua capacidade de manter-se.

Como o homem é um ser que necessita de Deus, todas as vezes que se vê fraco começa a ficar ansioso. Por outro lado, quando tem sucesso, passa a se gloriar naquilo que conseguiu com a sua força ou com o suor do seu rosto: "E digas no teu coração: A minha força, e a fortaleza da minha mão, me adquiriu este poder. Antes te lembrarás do SENHOR teu Deus, que ele é o que te dá força para adquirires riqueza; para confirmar a sua aliança, que jurou a teus pais, como se vê neste dia" Deuteronômio 8.17-18.

As solicitudes da vida são naturais no homem pecador, mas não deve ser nos filhos de Deus. Não devemos andar ansiosos, ou inquietos pelo que havemos de comer ou pelo que havemos de beber ou vestir, disse Jesus. Quando vier essa preocupação, é para olharmos para as aves do céu e para os lírios do campo. Deus cuida de toda a sua criação. Se Deus é tão cuidadoso com a sua criação, será que Ele irá esquecer ou abandonar os seus filhos? Jamais: "Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei..." Isaías 49.15-16.

Que preciosidade esta expressão: "nas palmas das minhas mãos eu te gravei". Será que compreendemos isto? O que foi gravado nas palmas das mãos de Jesus? Lembra do que Jesus falou para Tomé? "Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente" João 20.27. Fomos atraídos por Ele naquela cruz (João 12.32), para morrermos e ressuscitarmos juntamente com Ele. Lá naquela cruz o Pai nos levou para Jesus, e Ele jamais nos lançará fora: "Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" João 6.37.

O sinal dos cravos e do furo que foi feito com a lança no seu lado, ficará como testemunho pela eternidade. Estamos gravados nas palmas das suas mãos eternamente. Nós estamos gravados nas palmas das mãos de Jesus e jamais seremos esquecidos pelo Pai. Aleluia! (pare um pouco, não tenha pressa em continuar lendo. Vá diante da face do Pai no santíssimo lugar para contemplá-lo com essa revelação).

Jesus também usa uma expressão muito bendita quando diz: "E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?". Em Lucas 11, no verso 26 ainda diz: "Pois, se nem ainda podeis as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?". Precisamos guardar isto em nosso coração: - Não podemos viver e nem respirar se Deus não nos suprir. Se é assim, que dirá então das outras coisas?: "O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas" Atos 17.24-25.

Deixemos de olhar e nos inquietar com coisas tão sem importância, e passemos a olhar firmemente para Jesus. Jesus diz que para Deus valemos muito mais do que toda a sua criação. Quando olhamos para Ele, iremos ver que Deus cuidou principalmente de uma necessidade eterna, da nossa fome e sede eterna: "E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" João 6.35 e 38-40. Para isto, Ele entregou o seu Filho para ser morto por nós: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele" João 3.17.

Agora meditemos nisto: - Se Deus saciou a nossa fome e sede eterna, que diremos então das necessidades concernentes a esta vida? Se Deus não poupou o seu próprio Filho, como poderá agora nos deixar desamparados quanto às nossas necessidades humanas? "Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?" Romanos 8.31-32. Ele é fiel e jamais nos desamparará, do contrário estaria negando a si mesmo: "Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo" II Timóteo 2.13.

Não andemos ansiosos ou inquietos, quanto ao que havemos de comer, de beber ou de vestir disse Jesus. Essas são preocupações dos pecadores que não crêem em Deus, não dos seus filhos amados: "Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei" Hebreus 13.5. "Provai, e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele confia. Temei ao SENHOR, vós, os seus santos, pois nada falta aos que o temem. Os filhos dos leões necessitam e sofrem fome, mas àqueles que buscam ao SENHOR bem nenhum faltará" Salmos 34.8-10.

"Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão. Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento" Salmos 32.6-7. Amém.

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