O CAMINHO DE CAIM

 

Gostaríamos, na graça do Senhor e na força do seu Espírito, compartilhar em três meditações o texto de Judas, no verso 11, que diz: "Ai deles! porque entraram pelo caminho de Caim, e foram levados pelo engano do prêmio de Balaão, e pereceram na contradição de Coré".

Talvez este assunto possa ferir algumas pessoas, mas isto só irá mostrar a conformidade de alguns chamados cristãos, com os mesmos caminhos, enganos e contradições de suas vidas. Judas escreveu estas palavras há quase 2 mil anos, para que os irmãos pelejassem com ele pela fé que uma vez por todas foi dada aos santos. Porque já naquela época tinham se introduzido homens ímpios, que já antes estava escrito para este mesmo juízo, que estavam dissolvendo a graça de Deus, e negando o único soberano e Senhor nosso: Jesus Cristo (v.3). Se já era assim naquele tempo, que dirá hoje!

Caim é citado 4 vezes nas Escrituras. No princípio da sua história, em Gênesis capítulo 4, do verso 1 ao 25. Em Hebreus 11.4 onde se refere sobre o mesmo episódio. Em I João 3.12 e neste verso de Judas. Estes versos nos dão uma idéia clara do que Judas está dizendo acerca desses homens ímpios, que estavam dissolvendo a graça, isto é, tornando a graça misturada, corrompida com outras coisas, e negando o único soberano Senhor. Tirando do Senhor e trazendo para o homem o poder e a justiça.

Isto vemos claramente em Caim. Em Hebreus, no capítulo 11, no verso 4 diz: "Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala". Qual foi a injustiça de Caim? Ele ofereceu a Deus o fruto do suor do seu rosto, e Abel ofereceu um inocente em seu lugar, um derramamento de sangue e um sacrifício de um cordeiro, figura de Cristo. Já Caim, fez uma oferta do suor do seu trabalho, que para Deus era resultado de uma desobediência e maldição (Gên. 3.17), onde não tinha nada de Cristo.

Se olharmos com cuidado vamos notar que o que Deus aceitou e não aceitou não foi somente a oferta de Caim, mas o próprio Caim: "Mas para Caim e para a sua oferta não atentou" Gênesis 4.5. A oferta foi resultado do coração e da mente de Caim. Tanto Caim como Abel estavam na mesma situação: como pecadores. Ambos nasceram e herdaram dos seus pais uma natureza caída e num estado de rebeldia e inimizade contra Deus (Col. 1.20). Nenhum deles era inocente. Os dois estavam destinados à perdição eterna, e só a graça de Deus e o poder justificador de Deus poderiam tirá-los daquela miserável situação.

A queda em Adão foi total. O homem nascido de mulher é totalmente caído é totalmente depravado, e por natureza filhos da ira (Ef. 2.1-3). Todo homem nasce no pecado, e quem nasce no pecado, nasce morto nos seus delitos e pecados, separados da vida de Deus e destituídos da glória de Deus (Ef. 4.18, Rom. 3.23). Como resultado, debaixo de um império das trevas e de propriedade do maligno (Heb. 2.15): "Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio" I João 3.8. "Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai" João 8.44.

Abel compreendeu isto e não se viu digno de entrar na presença de Deus a não ser por derramamento de sangue, e depois pela morte de um inocente em seu lugar. Já Caim não teve o mesmo parecer, e achou que Deus iria aceitá-lo, recebendo as suas ofertas, estando ele no pecado. No texto de I João 3.12 diz que Caim era do maligno, e por não crer e oferecer um melhor sacrifício, continuou sendo do diabo, e assim é todos os que não crêem. Não como uma opção, mas por nascerem um pecador, debaixo do reino das trevas, e do poder de Satanás, estão presos a ele por causa do pecado. O mundo e todos os que são do mundo jaz no maligno (I Jo. 5.19).

Tanto Caim como Abel, ou qualquer um de nós, não pode sair desta miserável situação, a não ser pela graça e poder de Deus. E Caim, como muitos, pensam que dando alguns presentes a Deus, suas orações, caridades, ofertas ou dízimos, o fruto do suor dos seus rostos, serão aceitos por Deus. Se isto fosse possível, Jesus jamais precisaria sofrer naquela cruz. Não necessitaríamos nem do poder nem da graça de Deus. Somente pela justiça de Deus podemos ter acesso a esta graça: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça" Romanos 5.1-2.

Deus não pode ser comprado por presentes, e muito menos alguém pode alcançar a sua salvação pelas obras, mas pela fé em Jesus Cristo. É pela graça que somos salvos, por meio da fé, e isto não vem de nós, é dom de Deus, não das obras para que ninguém se glorie (Ef. 2.8). E esta fé é no poder de Deus, que nos fez morrer e ressuscitar juntamente com Cristo: "No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo; sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas" Colossenses 2.11-13.

Este é o caminho de Caim. O caminho dos homens ímpios que dissolvem a graça e negam o poder do único Senhor e soberano Jesus Cristo. Essa graça dissolvida leva a uma justiça própria e a um estado de pensar que estão vivos, estando mortos; tendo nome de que vivem, mas estão mortos para Deus (Apoc. 3.1). O caminho de Caim leva o evangelho da cura, da prosperidade, isto é, um outro evangelho, que não é outro, senão um anátema, pregado em lugar do evangelho da graça.

Mas não somente isto. Caim é a figura dos que se dizem cristãos, mas são segundo a carne; que perseguem os seus irmãos que são segundo o espírito, como também Ismael a Isaque, Esaú a Jacó e muitos outros depois de Caim (Gál. 4.29). João pelo Espírito escreve: "Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte. Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" I João 3.14-15.

Nós também não podemos nos enganar irmãos! Se alguém diz que ama a Deus e odeia a seu irmão, é mentiroso, homicida, e permanece na morte (I Jo. 4.20). São homens ímpios, que entraram pelo caminho de Caim. Se entraram é porque não estavam. E porque entraram? Porque podiam ter entrado pelo caminho de Abel, da graça e do poder de Deus, e do único soberano e Senhor nosso: Jesus Cristo. São irmãos, como era Caim de Abel, Esaú de Jacó, Ismael de Isaque, mas não passam de perseguidores e homicidas como eles.

Agora a exortação de Deus para os que entraram pelo caminho da fé é: "Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade" II Pedro 3.18. Amém.

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