A CONTRADIÇÃO DE CORÉ

 

Gostaríamos, na graça do Senhor e na força do seu Espírito, compartilhar nesta terceira e última meditação do texto de Judas, no verso 11, que diz: "Ai deles! porque entraram pelo caminho de Caim, e foram levados pelo engano do prêmio de Balaão, e pereceram na contradição de Coré". Nas meditações anteriores vimos sobre o caminho de Caim e o engano do prêmio de Balaão. Nesta meditação vamos ver sobre a contradição de Coré.

Talvez este assunto possa ferir algumas pessoas, mas isto só irá mostrar a conformidade de alguns chamados cristãos, com os mesmos caminhos, enganos e contradições em suas vidas. Judas escreveu estas palavras há quase 2 mil anos, para que os irmãos pelejassem com ele pela fé que uma vez por todas foi dada aos santos. Porque naquela época tinham se introduzido homens ímpios, que já antes estava escrito para este mesmo juízo, que estavam dissolvendo a graça de Deus, e negando o único soberano e Senhor nosso: Jesus Cristo (v.3). Se já era assim naquele tempo, que diremos hoje!

O livro de Números, no capítulo 16, dos versos 5 a 35 nos fala de Coré. Coré era um dos filhos de Levi, um levita que fazia a obra do serviço do tabernáculo. Ele se rebelou contra o Senhor desejando também o sacerdócio de Arão e a posição de liderança de Moisés para com o povo de Israel. Coré e mais 250 homens de posição, de renome, príncipes da congregação, se levantaram contra o Senhor e contra a sua autoridade.

A primeira coisa que temos que entender é que Moisés nunca foi líder, mas sempre foi servo: "E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa" Hebreus 3.5-6. Deus só tem um cabeça sobre o seu povo que é Cristo. A contradição de Coré vai após a doutrina de Balaão, pois esses homens, além de receberem pagas para profetizar, têm o desejo de tomar o lugar de Cristo, de encabeçar as coisas de Deus.

Coré queria a democracia e não a teocracia. Por isso tomou e liderou 250 homens de posição para se levantar não apenas contra Moisés e Arão, mas contra a autoridade de Deus que estabeleceu Moisés para levar o povo até Canaã e Arão para cumprir o ministério sacerdotal. Coré e os rebeldes queriam tanto um como o outro ministério. Eles desejavam a primazia e a autoridade ministerial. Deus nunca escolhe homens de posição para o seu ministério, "Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele" I Coríntios 1.27-29.

As pessoas que Deus escolhe nunca se acham capazes de assumir qualquer ministério. Moisés já com oitenta anos, não se viu nem física, nem psicologicamente capaz de conduzir o povo: "Então disse Moisés ao Senhor: Ah, meu Senhor! eu não sou homem eloqüente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua" Êxodo 4:10. E assim foi com todos os que Deus chamou, tais como Gideão, Isaías, os apóstolos: "E ele lhe disse: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai. Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios" Juízes 6.15; Isaías 6.5.

Nunca Jesus usará homens fortes e capazes para o seu ministério, mas homens rodeados de fraquezas, para que possam se compadecer dos fracos e errados: "Porque todo o sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados; e possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados; pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza" Hebreus 5.1-2. Se não for assim, irão se gloriar e oprimir o povo.

A contradição de Coré são homens sem chamado de Deus para o ministério, que querem pelas suas posições e capacidades assumir cargos. Mas em tudo isso há intenções de primazia e dominação. São homens que entraram pelo caminho de Caim, pela doutrina de Balaão e dos nicolaítas, e por isso acabam se levantando contra a autoridade de Deus. O levante é contra os homens de Deus, mas na realidade é contra a própria soberania de Deus.

 Coré era um leviata que tinha o encargo do serviço do tabernáculo, mas não sacerdotal. Sabemos hoje pela Palavra de Deus que todos os filhos de Deus são sacerdotes reais (I Pd. 2.9), mas nem todos são homens dado por Deus como dons para a Igreja: "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores" Efésios 4.8-11. Todos podem profetizar, compartilhar a Palavra de Deus (I Cor. 14.31), mas nem todos tem o dom da profecia, ou da sabedoria, ou da ciência (I Cor. 12.8-10).

A contradição de Coré é a mesma que Satanás colocou no coração do homem desde o princípio, desde o Éden, e continua colocando até o dia de hoje, de o homem ser como Deus. Ninguém pode por si mesmo se colocar sobre a Igreja do Senhor, nem assumir qualquer tipo de ministério, porque há uma só cabeça estabelecida por Deus: Jesus Cristo. E tudo o que Deus tem feito hoje é colocar todos os inimigos por escabelos dos seus pés: "Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés" Salmos 110.1. Por isso Satanás se levanta, para lutar contra o encabeçamento de Cristo, contra o governo de Cristo sobre a sua Igreja; cogitando apenas das coisas que são dos homens.

Mas como na doutrina de Balaão e dos nicolaítas, a finalidade é também dividir o povo de Deus. Uma vez que eles assumem a primazia, não só perseguem e injuriam os servos de Deus, como também usam de palavras maliciosas. E não só não recebe os irmãos, como também impede os que querem recebê-los e os lança fora da igreja (III Jo. 1.10). Sempre os que não tem o Espírito causam divisões, porque são sensuais (Judas 1.19).

Sobre a contradição de Coré, Judas pelo Espírito diz: "pereceram". Não há como ficar impune tentando viver para Deus no pecado; recebendo salário para profetizar, criando divisões e dominando o povo de Deus. Como diz o Senhor, todo aquele que não beijar o Filho irá perecer: "Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira" Salmos 2.12. Todo aquele que se levantar contra Cristo irá perecer como aconteceu com Coré, que foi tragado vivo e lançado no Seol, juntamente com todos que o seguiram.

Caim, Balaão e Coré foram três homens em tempos e com pecados diferentes, mas como a iniquidade tem se multiplicado, hoje estes homens ímpios, que dissolvem a graça, e negam o único e soberano Senhor nosso, Jesus Cristo, tem incluídos em si estes três pecados juntos. Entraram pelo caminho de Caim, são levados pelo engano do prêmio de Balaão, e caminham na contradição de Coré. Mas todos terão o mesmo fim daqueles, todos irão perecer. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo, porque o nosso Deus é um fogo consumidor.

Que aqueles que têm os olhos abertos possam pelejar pela fé que uma vez por todas foi dado aos santos. Que possamos proclamar em alta voz, para aqueles que têm ouvidos para ouvir ouçam e também sejam libertos desses homens ímpios. Anunciar a verdade com ousadia é amor: amor ao Senhor e amor ao próximo: "Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Fiéis são as feridas feita pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos" Provérbios 27.5-6. 

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