DÍZIMOS E OFERTAS - O MINISTÉRIO DE DAR E RECEBER

 

 

Nesses últimos dias vivemos tempos trabalhosos, em que as pessoas tem procurado mestres que lhes falem coisas agradáveis e que satisfaçam as suas próprias concupiscências, devemos como nos ensina o Senhor pregar a tempo e fora de tempo (II Timóteo 4.1-3). Diante disso não podemos nos eximir de pregar a Palavra sobre este assunto de dízimos e ofertas que é tão controverso, mas que o Senhor tem em sua Palavra os Seus Conselhos, o ensino da verdade que é chamado de ministério da justiça.

Estaremos então de forma breve fazendo algumas considerações na Palavra de Deus sobre o assunto do ministério que se faz através e para os santos, no que diz respeito a dar e a receber (Filipenses 4.15). Não somente a dar, daqueles que dão, porque esta é a ênfase nos dias de hoje, mas também daqueles que recebem. Peço que os irmãos leiam os textos que estão em parênteses para que esta meditação não se torne muito extensa.

O curso natural das coisas de Deus é que tudo pervertemos, e que para andarmos na Sua vontade, e fazer o que é agradável a sua vista, agradando-lhe em tudo, e crescendo no conhecimento de Deus temos que receber compreensão espiritual, onde só o Espírito pode nos dar (Colossenses 1.9-10). Lembrando também que a Palavra é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho, e através dessa luz vemos a luz que é o próprio Senhor. Tudo o que não provém de Cristo não é um sacrifício aceitável a Deus, e, portanto, uma obra no mínimo morta, senão má.

Por outro lado vemos que quando o Pai nos desperta para algo é porque Ele quer nos ensinar. Hoje estávamos vendo um livreto do irmão Steve Kaung que ele trata da responsabilidade que a graça traz, para não torná-la vã, e qual o principal sentido da graça que é dar. Dar é melhor do que receber (Atos 20.35).

Sobre este assunto de dízimos e ofertas muitas controvérsias tem sido causada no meio da cristandade nesses dias. Há aqueles que defendem o dízimo, as ofertas usando como peso os textos do velho testamento, da velha dispensação como base, e fazem disso o centro das suas pregações despertando ganância e serviço a mamón entre o povo de Deus. Por outro lado há irmãos que combatem ferrenhamente os dízimos e as ofertas, e defendem que na nova dispensação o Senhor aboliu completamente essas coisas, fazendo dos cristãos pessoas avarentas e infrutíferas. Alguns até afetando a própria consciência dos irmãos, dizendo que a pratica deste ministério é um pecado contra Deus.

Mas queremos compartilhar com os irmãos a medida que temos para colaborar com a Igreja do Senhor. Creio que o texto de Malaquias 3.3-4 é o centro entre a velha e a nova dispensação, e que nos ensina algo muito importante que está no coração do nosso Senhor quando diz: “E assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão oferta em justiça. E a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos.” O Senhor aqui tinha saudades dos primeiros anos, quando o povo lhe trazia ofertas em justiça. Mediante esta palavra temos que retornar um pouco a este tempo em que o Senhor se refere, isto é, antes da lei, onde as ofertas em justiça estão aqui inseridas.

No princípio o Senhor não queria uma tribo sacerdotal e nem mesmo uma tribo levita, mas que todos fossem sacerdotes. O dízimo foi instituído como lei para o sustento dos levitas, para que eles cuidassem do serviço do tabernáculo e do templo, mas este não era o propósito do Senhor no princípio, então a lei dos dízimos e ofertas foi instituído por necessidade e não por prazer do Senhor.

Quando o Senhor fala sobre isso a Malaquias, da sua saudade, ele diz que iria se cumprir quando Jesus viesse a este mundo, onde ele nos purificaria e nos refinaria, e cumpriu isto, quando nos comprou para Deus e nos fez reis e sacerdotes. Uma nação santa, um sacerdócio real, povo de propriedade exclusiva de Deus (I Pedro 2.9); um povo que oferecesse sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por meio do próprio Senhor Jesus (v. 5). Então, como era no princípio, antes de haver a lei dos dízimos e os levitas? Vamos tomar o texto de Êxodo 25.2: “Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada.” E eles fizeram voluntariamente para a construção do tabernáculo, da provisão que Deus tinha lhes dado quando saíram do Egito. Deram voluntariamente daquilo que Deus tinha lhes dado. Isso é graça, e uma graça que responde, que não se torna egoísta, vã, estéril.

Esse também foi o coração de Abraão, quando deu o dízimo de tudo o que tinha recebido de Deus. Ele tinha tido grande vitória e despojo, e de tudo o que Deus tinha lhe dado devolveu o dízimo. E isto partiu do seu coração agradecido, voluntariamente a Deus, não porque Deus tinha lhe exigido; e o fez ao sacerdote de Melquisedeque, que em Hebreus diz que ainda vive, que é Cristo (Hebreus 7.8). Este texto de Hebreus também nos ensina que aqueles que tomavam dízimos morreram, e o fim da lei foi Cristo, para a justiça de todo aquele que crê. A justiça é pela fé, e não por obras da lei. Por isso é que Deus em Malaquias disse que tinha saudades desse tempo, em que as ofertas eram feitas em justiça. Agora sabemos que Jesus já veio, e purificou um povo para Deus, zeloso de boas obras, obras de justiça. Um povo justo que vive pela fé que somos nós, aqueles que creem.

No novo testamento não temos referência nem a dízimos e nem a ofertas segundo a lei. Jesus se referiu uma vez aos fariseus sobre o dízimo (Mateus 23.23), e outras vezes sobre ofertas (Mateus 5.23-24; 8.4), mas temos que lembrar que Ele estava debaixo da velha dispensação. Ele nasceu e viveu debaixo da lei (Gálatas 4.4) e a cumpriu totalmente, até que pudesse na cruz, tirar o primeiro pacto e estabelecer o segundo. E é nesta oferta do corpo de Jesus Cristo que temos sido santificados de uma vez para sempre. O velho desapareceu, e foi estabelecido o segundo, que para nós gentios é o único, onde a lei foi escrita em nossos corações como Vida (Hebreus 8.10-13 e 10.9-10). Por isso Jesus disse que a nossa justiça tem que exceder a dos escribas e fariseus, porque eles cumpriam a lei, e a justiça não é o cumprimento da lei, mas o conhecimento de Cristo que é a nossa justiça.

Então, porque alguns foram infiéis, a infidelidade deles anula a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma. Portanto, seja todo homem mentiroso e Deus verdadeiro (Romanos 3.3-4). O que precisamos então é saber da parte de Deus como fazer essas ofertas em justiça, e há um ensino muito precioso dado pelo Espírito nas Escrituras sobre este ministério que se faz a favor dos santos, e que estão nas cartas de Paulo. Pela Palavra podemos ver que o coração do Senhor e o seu desejo a este respeito foi restaurado por aqueles que Jesus comprou e purificou com o seu sacrifício. Os textos que mais nos ensinam sobre isto é o de II Coríntios, capítulos 8 e 9.

Apesar de não termos nada com a lei, com a velha dispensação, temos que lembrar que a lei é santa, e não há nela coisa alguma errada, mas o homem é que é errado. Então o princípio dela é santo, e o mandamento é santo, justo e bom (Romanos 7.12). A lei é boa se alguém usar dela legitimamente (I Timóteo 1.8). Por exemplo: Quando Deus diz em Malaquias capítulo 3, no verso 10, para trazer os dízimos à casa do tesouro para que haja mantimento na sua casa, Ele expressa o princípio divino que havia na lei. O mantimento aqui tem os dois sentidos, mantimento mesmo para os necessitados, e mantimento como alimento espiritual que é o próprio Cristo (Deuteronômio 8.3; Isaías 55.10-11). Então a provisão da lei seria para suprir os necessitados, viúvas e órfãos entre o povo de Deus, e aqueles que são separados para o ministério da Palavra de Deus, ou o que Paulo chama, daqueles que vivem do evangelho (I Coríntios 9.14). Porque agora não é a lei e os serviços levíticos, mas o serviço da casa de Deus. E essa é uma ordenação do Senhor Jesus como diz o texto, para aqueles que são separados por Ele para o evangelho.

Neste mesmo sentido, Paulo pelo Espírito usa alguns princípios da lei nos seus escritos sobre este ministério. Ele usa uma expressão da lei em I Coríntios 9.9-10, que fala acerca do trabalho dos bois, e diz que Deus falou isto cuidando daqueles que servem ao Senhor no evangelho e não de bois em si. Ou os que ministram no altar, comem das coisas do altar. Então encontramos 4 classes de pessoas, aos quais aqueles que ofertam, que dão ao Senhor, podem receber, serem cuidados com este suprimento: irmãos que são chamados a tempo integral e separados para o ministério da Palavra, ou o que chamamos de obreiros, as viúvas, os órfãos e os irmãos necessitados ou pobres. Na nova dispensação, a expressão mais usada pelo Espírito não é dar, mas repartir (Efésios 4.28; Atos 2.45; Hebreus 13.16). E este é um ministério que cabe a alguns irmãos na igreja na localidade: "Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria." (Romanos 12 : 8). Este texto nos ensina também que não devemos nutrir o sentimento do individualismo. O Senhor não pensa em exercer a sua graça individualmente, mas coletivamente, através do Corpo. A Palavra nos exorta  a isto quando nos fala através do livro de Juízes, onde lá cada um fazia o que achava certo aos seus próprios olhos (Juízes 21.25).

Cada função na Igreja deve ser exercido por um irmão capacitado e chamado pelo Senhor. Esse ministério de repartir tem que ser feito por um irmão que seja liberal, caso contrário será um impedimento para o Senhor e a Sua Igreja. Tanto liberal como cuidadoso, zelando do que é honesto diante de Deus, mas também diante dos homens. Sempre é bom que esse irmão seja acompanhado por mais um irmão, pois isso é bíblico em qualquer ministério (Lucas 10.1), para que não haja desconfiança (II Coríntios 8.19-21).

O Senhor também nos ensina em sua Palavra que neste ministério existe o ministério local e o extra local. Em II Coríntios 8, Paulo e Tito junto com outro irmão foram incumbidos de levar os recursos levantados pelas igrejas da Macedônia para os irmãos em Jerusalém, e ele chama este ministério de “serviço que se faz a favor dos santos” (v.4) “ou ministério da graça” (v.19). Uma igreja pode ministrar os recursos na localidade ou caso não tenha necessidades presentes, pode fazê-lo de forma extra local. Neste texto acima, os recursos eram ministrados extra locais. Temos também o testemunho do próprio irmão Paulo recebendo recursos para o seu ministério a favor das igrejas através da igreja em Filipos, e creio que também de outros que não foi citado (Filipenses 4.10-18).

Paulo chama este serviço de: ministério de dar e receber (Filipenses 4.15). Porque neste ministério alguns irmãos dão e outros recebem. Qualquer irmão pode dar, e como vimos acima, deve ser voluntariamente. Então tomando o texto de II Coríntios 8.5, o Senhor nos ensina que alguém antes de dar deve primeiramente se dar ao Senhor e depois aos irmãos pela vontade de Deus. Nos versos 14 e 15 o Senhor nos ensina este sentido de dar e receber. O que muito colheu deve dar e o que pouco colheu deve receber para que haja igualdade. É por isso que Deus coloca na igreja irmãos em condições de dar, e também irmãos necessitados para a condição de receber, para que esse ministério se complete. Eles se encontram para cumprir a Palavra de Deus (Provérbios 22.2). Portanto este ministério não é somente de dar, de arrecadar, mas de dar e receber, receber o que foi dado e ministrar aos que necessitam.

Este versículo de II Coríntios 8 trata-se da colheita que era feita do maná no deserto pelo povo de Israel. Aquele que colhia muito e guardava além da medida dada por Deus, o maná apodrecia, mas o que colhia muito tirava a sua parte e o que sobrava repartia com aquele que colhia pouco, daí ambos tinham o suficiente em igualdade. Este é um princípio divino, de não guardar para não apodrecer (Tiago 5.2); aquele que guarda empobrece no reino de Deus (Provérbios 11.24; 21.26). O suprimento que é repartido aos irmãos necessitados é chamado de trabalho de amor, ou prova de amor (II Coríntios 8.24). Em II Coríntios 9.7 nos ensina que o dar deve ser voluntário e segundo o que propôs em seu coração. Se um irmão propõe devolver o dízimo como fez Abraão, ainda que seja uma só vez, como também fez os irmãos no princípio da igreja primitiva, onde venderam as suas propriedades e repartiram com os que não tinham, devem ter a liberdade de fazer. Se algum irmão propõe devolver cada mês um dízimo, ou 20% ou uma oferta, o quanto desejar em seu coração, o Senhor receberá como um sacrifício em cheiro suave, um sacrifício aceitável a Deus. Não pode ser dado com tristeza, obrigado a dar, nem por constrangimento, imposto por lei, porque como vimos o texto de Malaquias 3, o Senhor ama ao que dá com alegria, um fruto de justiça, que provém como fruto do Espírito de Cristo em nós. Ninguém neste sentido pode dominar a fé do outro, cada um deve ter a liberdade de participar deste ministério como quiser, segundo o que propôs no seu coração.

Sabemos que esta é uma área muito necessária a ser tratada por Deus, a sermos santificados, porque sabemos que a nossa carne inclina para as coisas da carne, para a satisfação dela e nunca para as coisas de Deus. Então mesmo que não haja lei sobre nós a respeito de dízimo e ofertas, o Senhor nos ensina no verso 6 que aquele que semeia pouco, pouco também ceifará, mas aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará. E no verso 10 do mesmo capítulo 9 de II Coríntios, nos fala que alguém que quer dar, o Senhor fornece a semente, e aumenta a sementeira, e o fruto dessa justiça. Veja que neste verso se consuma o que Deus desejava em Malaquias 3 antes de Jesus vir. Ofertas em justiça; frutos de justiça da Vida do Senhor em nós. O Senhor também as chama de boas obras, obras de fé, e também fazem parte das que são chamadas pelo Senhor de vestes da noiva (Apocalipse 19.8).

A riqueza material que Deus dá para os filhos de Deus não é para ser acumulada, mas para que irmãos enriqueçam em boas obras (II Timóteo 6.17-18), ou como diz o verso 11 deste capítulo 9 de II Coríntios, é para toda liberalidade. O homem em si não é liberal, mas avarento, e ele só vai conhecer esta liberalidade em Cristo. O Senhor no ensino a respeito do reino chamou este ministério de ajuntar tesouros nos céus (Mateus 6.19-20); edificar ouro, prata, pedras preciosas (I Coríntios 3.12); emprestar a Deus, e que será pago como recompensa no reino (Provérbios 19.17). Então no verso 12 e 13 de II Coríntios 9 o Senhor nos ensina o cumprimento deste serviço de dar e receber. Aqui os recursos não são para serem administrados, mas ministrados. Administrar é em favor ou de maneira própria, mas ministrar é a favor dos outros. Por isso o Senhor chama de “ministração que se faz a favor dos santos”. Ela não só supre a necessidade dos santos, por aqueles que dão, como redunda em muitas ações de graças a Deus por aqueles que recebem. Então os irmãos que dão cumprem um ministério e os irmãos que recebem completam esse ministério com gratidão a Deus e oração pelos santos, um sacrifício espiritual aceitável a Deus, ou também chamado de um sacrifício em cheiro suave, agradável e aprazível a Deus (Filipenses 4.18). O cumprimento de uma parte com a outra completa o ministério da justiça.

Começa pelo Senhor e termina ao Senhor. Como disse Davi, da tua mão recebemos e da tua mão to damos (I Crônicas 29.14). Começa por um fruto de justiça e termina com um sacrifício de louvor, adoração; um sacrifício espiritual agradável a Deus movido por Jesus Cristo (I Pedro 2.5), tanto pelo que deu, como pelo que recebeu. É maravilhoso tudo aquilo que provém do Senhor e é espiritual!

A Palavra deixa claro então que qualquer irmão pode participar deste ministério no sentido de dar. Quando e quanto de coração desejar oferecer ao Senhor como um sacrifício em cheiro suave; não por necessidade nem por constrangimento. Então vemos que há irmãos que dão e há irmãos que recebem. Tem de haver os dois para que se cumpra este ministério de justiça. Se houvesse só os que dão, não se completaria a ministração deste serviço. Mas sempre lembrando as palavras do Senhor Jesus, ainda que tenha irmãos que recebem, melhor é dar do que receber. Se há algo que devemos desejar neste serviço é o de dar e não o de receber, caso contrário se tornará uma vaidade.

No sentido de dar, todos podem participar, mas no sentido de receber há restrições pela Palavra. Como vimos anteriormente há uma classe de irmãos, de domésticos da fé que podem receber. O Senhor não fala de pessoas ímpias, mas de domésticos da fé, irmãos em Cristo e membros da família de Deus. Entre eles estão os obreiros, ou aqueles que foram separados pelo Senhor para viverem do evangelho, as viúvas e órfãos que é a verdadeira religião, os irmãos pobres e irmãos em situação de necessidades, enfermidades e etc... Há vários textos que falam de irmãos obreiros que são separados pelo Senhor para viverem do evangelho, ou para tomar das coisas do altar tais como (Mateus 10.9-10; I Coríntios 9.13-14; I Timóteo 5.17; Tito 3.13-14 e III Joäo 6-7). Esses irmãos como vimos tem direito de comer das coisas do altar, ou das ofertas em justiça dadas ao Senhor, mas eles também podem por opção, na localidade onde vivem, para não por impedimento ao evangelho, de não fazer uso desse direito (I Coríntios 9.15), mas não pecará se o fizer, é um direito que Deus dá tanto de tomar como de não tomar como fez Paulo quando estava em Corinto. Ele optou de não usar do direito que tinha, mas foi suprido por outras igrejas, como vimos anteriormente, entre elas Filipos.

Outra classe que podem receber são as viúvas e os órfãos, mas mesmo entre as viúvas também há restrições como nos ensina a Palavra, pois, devem ser inscritas apenas viúvas com mais de 60 anos, e que tenha sido mulher de um só marido, se tem um bom testemunho, e que não tenha filhos que possam acolhe-la (I Timóteo 5.9-10). Os órfãos devem ser cuidados se são verdadeiramente órfãos e não tenham quem cuide deles, ou parente próximo. Às vezes pensamos mais em viúvas do que nos irmãos pobres. As viúvas como vimos tem restrições, mas os irmãos pobres não. Creio que os obreiros e os irmãos pobres devem ser os que a igreja devem ter o maior cuidado: "Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência." (Gálatas 2 : 10). Os irmãos pobres são colocados como pobres por Deus na igreja, como vimos acima, para o exercício da piedade, do ministério de justiça, do outro lado do serviço, que é o de receber. Eles não são excluídos da benção de Deus por serem pobres, mas eles são feitos pobres para que a igreja aprenda a exercer este ministério, e assim é também com os outros que recebem os recursos, porque a benção vem daí.

Mas há outra classe de irmãos que o Senhor também nos chama a atenção para que a igreja ministre: quando um irmão, por algum motivo, passa por necessidades momentâneas ou enfermidade. Nessa situação deve ser um socorro, por algum tempo, até que este irmão possa voltar ao seu estado normal, de trabalho, ou saúde ou coisa parecida. Para isto o Senhor nos ensina que devemos: “Comunicai com os santos nas suas necessidades...” (Romanos 12.13). Não é o irmão necessitado comunicar sobre as suas necessidades com a igreja como alguns interpretam este texto. O irmão tem alguma necessidade aí vai para a igreja e comunica as suas necessidades. Não é isto. O irmão que estiver nessa situação de necessidade deve pela fé buscar e esperar do alto, em oração e súplica perante Deus, lançando sobre Ele toda a sua ansiedade, daí o Senhor vai através da igreja, procurar suprir as necessidades deste irmão ou irmã. O Senhor vai fazer com que a igreja fique sabendo da sua necessidade, e então a igreja deve se comunicar com ele, procurar suprir as necessidades destes santos.

E não somente suprir financeiramente, mas estar comunicando em todas as suas necessidades, sofrer com o irmão, orar, acompanhar até que também se alegre com ele. Quando um membro sofre toda a igreja deve sofrer, mas quando um irmão se alegra, toda a igreja deve se alegrar com ele. Mas neste caso também há uma restrição, que seja por um tempo, porque se quiser se aproveitar da igreja, vivendo ocioso ou preguiçoso deve ser exortado e saber que aquele que não trabalha, também não deve comer da igreja: "Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão” (II Tessalonicenses 3.11-12).

Os recursos devem ser sempre direcionados para esse fim, para o serviço aos santos, pois ele tem uma finalidade: que o ministério da justiça se cumpra. Por isso não há nenhuma referência no novo testamento sobre construções, manutenção ou aplicação dos recursos em locais de reuniões, aparelhos de som e etc... Neste caso temos apenas referência na Palavra acerca do templo no velho testamento, onde eram levantados ofertas entre o povo para que fossem feito reformas (II Reis 22). Como o Senhor não nos incentiva a isto, neste caso cada localidade deve decidir como fazer, lembrando que não há referência na Palavra sobre construções, nem a aquisição de bens, porque a Igreja do Senhor é feita de pedras vivas, e tudo o que edificarmos que não seja ouro, prata e pedras preciosas irá se queimar, não será contado como obras de fé, nem trabalho de amor.

Caso algum irmão ministre o dar e os recursos sejam aplicados em qualquer coisa que não seja no Corpo de Cristo, naqueles que somos instruídos pelo Senhor aptos para receber, o ministério da justiça não se cumprirá, porque este ministério só se cumpre quando alguém dá e outro recebe. O que fazemos fora da Palavra, e o que ministramos fora de Cristo temos que cuidar para que não se torne preferência e tropeço para o povo de Deus, ou até um bezerro de ouro.

Bem amados, pensamos que aquilo que concerne a este serviço da igreja, cremos que foram abordados os assuntos mais necessários. É fato que ainda não sabemos como convém saber tudo, mas é uma medida para agora. Falamos coisas ensinadas pelo Espírito de Deus, comparando coisas espirituais a irmãos que são espirituais. Os irmãos tem a unção da parte do Santo, por isso pelo Espírito poderão discernir tudo. Amém.

 

Edward Burke Junior 

 

 

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