A Promessa

"Confirma a tua promessa ao teu servo, 

que se inclina ao teu temor" Salmo 119.38.

Precisamos crescer muito no conhecimento e na graça de nosso Senhor Jesus Cristo. A responsabilidade que encontramos, e principalmente para com o cabeça, em relação à sua família é muito grande. E isto não somente a ele, mas também a esposa, que é sua principal auxiliar em sua missão.

No capítulo anterior, estivemos atentando para a Palavra de Deus, no que diz respeito a responsabilidade de uma esposa  regenerada para com seu marido. Vimos que ela  pode ser uma vergonha para o seu marido, ou uma mulher virtuosa, e a mulher virtuosa excede a das finas jóias.

Aquele que atenta prudentemente para a Palavra de Deus prosperará, e feliz é aquele que confia no Senhor (Provérbios 16.20). Devemos atentar mais diligentemente para as coisas que temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas (Hebreus 2.1). Estes estudos que estamos fazendo não contém toda a revelação que cada um deve ter da Palavra de Deus no que diz respeito à família, mas é o mínimo necessário para que esta Palavra venha fazer em nós aquilo para que foi enviada (Isaías 55.11), e devemos com diligência buscá-La mais e mais.

Cada um de nós tem da parte de Deus esta responsabilidade para com os nossos, e cada um dará conta de si mesmo a Deus (Romanos 14.12). Quando olhamos para a Palavra, devemos considerar a bondade e a severidade de Deus (Romanos 11.22), mas a severidade é para com os que caem; nestes, Deus não tem prazer. Para conosco é a bondade de Deus, porque não somos daqueles que retrocedem para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma (Hebreus 10.38-39).

Louvado seja Deus, pois ele fez um pacto conosco de nunca se desviar de nos fazer bem (Jeremias 32.40), e é para esta bondade de Deus, e para este pacto que Deus fez conosco, que nós vamos olhar em seguida. Antes de falar sobre os filhos, vamos ver na Palavra de Deus o que Ele diz a respeito da salvação dos nossos filhos.

Em primeiro lugar, eu quero que fique bem claro, que eu com este estudo, não estou garantindo a salvação de todos os filhos dos regenerados, esta é uma área que só pertence a Deus, e à ação da Sua Misericórdia. É fato que Deus quer que todos os homens sejam salvos, e cheguem ao pleno conhecimento da verdade, mas também sabemos que não há quem busque a Deus, nem sequer um, e nossos filhos não são diferentes. A única diferença que encontramos na Palavra de Deus, é que os filhos são santos por estarem debaixo do mesmo teto que um pai, ou mãe, ou ambos regenerado (I Corintios 7.14), e isto é que nós vamos atentar para ver o que isto significa, com muito critério, para não cairmos numa heresia cega.

Por certo aqueles que crêem na eleição de Deus, já pensaram nisto: - Será que meus filhos são eleitos de Deus? Para isto temos uma resposta clara: "Não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os da promessa é que são contados como descendência"  Romanos 9.8. Um filho que geramos na carne, não se torna uma obrigação de salvação para Deus. Por outro lado, ele também não está excluído da salvação, como também não está qualquer pessoa na face da terra, e é um pecador como qualquer outro.

Sobre isto, você poderá pensar: - "mas se ele não é um eleito, nada que eu faça adiantará, e se for, de uma maneira ou de outra ele será salvo por Deus". Toda confusão é causada quando tiramos nossas conclusões sem conhecimento, esta é a razão humana, que está em oposição ao coração de Deus. Se nossa  razão não pode entender isto, e não deve, o único meio é buscar de Deus os seus caminhos e os seus pensamentos na Sua Palavra.

Vamos entender melhor quando olharmos com atenção o texto da Palavra de Deus de Gênesis, capítulo 18, verso 19 que diz: "Porque eu o tenho escolhido, a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para praticarem retidão e justiça; a fim de que o Senhor faça vir sobre Abraão o que a respeito dele tem falado". Neste texto, Deus estava se dirigindo aos três anjos que vieram para destruir Sodoma e Gomorra, dizendo que Abraão, que é nosso pai, era um escolhido Seu, e que Ele o havia escolhido para que ordenasse a seus filhos e a sua casa que guardassem o caminho do Senhor. Neste texto, vemos claramente que a eleição é pessoal, mas ela tem uma finalidade muito mais abrangente que a salvação individual. O plano de Deus começa por um membro da família, mas seu propósito se estende para toda a família. Não se apresse em questionar isto, todo julgamento precipitado só abre precedentes para o maligno.

Deus sempre olhou para o homem, pensando numa grande família. Vemos isto em sua criação. A  mulher não foi feita por Deus apenas como uma fonte geradora de filhos, mas para que fosse juntamente com o homem uma só carne. Quando regenerados, o homem não é qualificado de maneira diferente da mulher, mas todos são considerados um em Cristo (Gálatas 3.28), e participantes da mesma graça da vida (I Pedro 3.7). Assim é também com a família. Quando Deus olha para a família, ainda que somente uma pessoa seja regenerada, ela vê através desta pessoa, a promessa estendida a todos, porque todos os que crêem, estão debaixo da benção que Deus fez a Abraão, e esta benção não é pessoal, mas para toda a família: "Em ti serão benditas todas as famílias da terra" Gênesis 12.3.

Quanto a isto você poderá dizer: - "mas o que temos nós a ver com Abraão, e com o povo judeu?". Com a regeneração, nos tornamos judeus, não na carne, mas no espírito (Romanos 2.29), e sendo judeus, somos participantes de todas as promessas, e também da adoção, dos pactos, da glória, e etc... Quando vemos na Palavra de Deus uma promessa para o povo judeu, nunca  podemos considerar que estamos fora dela, porque em todas, nós somos participantes: "Tantas quantas forem as promessas de Deus, está nele o sim, e por ele o amém, para a glória de Deus por nosso intermédio" II Coríntios 1.20.

Como já dissemos anteriormente, Deus nunca une um casal para dar a eles um aval para a carne. Quando une um casal, a finalidade desta união é a família, e não somente o bem estar dos dois. Neste caso, Deus estaria avalizando um sentimento egoísta. É fato que a responsabilidade é bem maior quando se tem uma família, mas o Senhor é a força da nossa vida. Considerando apenas isto, já podemos começar a compreender porque a esposa incrédula é santificada pelo marido crente, e o marido incrédulo é santificado pelo convívio com a mulher crente, e porque os  filhos são santos e não imundos (I Coríntios 7.14). O Espírito não está neste versículo, dizendo que uma pessoa incrédula será salva porque convive com uma pessoa regenerada, pois logo abaixo no verso 16, O Espírito Santo fala que ninguém pode dizer que este ou aquele será salvo, mas que ela é participante das mesmas promessas, porque tais promessas, não são apenas para o indivíduo, mas para a família.

O que o Espírito de Deus quer nos mostrar, é que temos promessas maravilhosas para a nossa família, e que devemos atentar com diligência para elas, pois são promessas para a benção de nossa casa, e se temos tais promessas, não podemos negligenciá-las de modo nenhum, porque daremos conta desta negligência.

Quando alguém pensa em casar, deve-se saber que o casamento é uma responsabilidade muito grande, porque requer disciplina, governo, submissão, ensinamento, zelo e principalmente temor a Deus, pois para isto é que Deus criou a família, para ser glorificado por ela. Do contrário, é melhor ficar como o apóstolo Paulo mesmo disse: só (I Coríntios 7.8). Alguém que pensa em se casar e não formar uma família,está fora dos propósitos de Deus, neste caso é melhor ficar só. Ou ficamos só, ou devemos pensar em uma família, do contrário, estaremos andando segundo o coração dos homens.

Bem, se há alguma coisa diversa, Deus também nos revelará, mas o que o Espírito está dizendo à Igreja, é que estamos sendo avisados por Deus de coisas que ainda não vemos, portanto, devemos andar segundo o que a Palavra nos ensina a respeito de como tratar os nossos filhos, marido ou esposa que ainda não são regenerados. Estamos tratando deste assunto, porque com certeza ele despertará um maior zelo da nossa parte, no que diz respeito à disciplina, correção, admoestação e ensino de seus filhos, e amor para com as esposas, e submissão para com os maridos e etc..., pois temos grandes promessas. Que triste seria se andássemos conforme a Palavra de Deus nos ensina, e não pudéssemos ter esperanças. O justo viverá da fé, e não poderia haver fé se não houvesse as promessas.

Em seguida, encontramos na Palavra de Deus o testemunho de Noé. Ele é quem achou graça aos olhos de Deus (Gênesis 6.8), e esta graça se estendeu a toda a sua família (Gênesis 7.1). Diante desta promessa, vemos que a atitude de Noé foi preparar a salvação de sua família, e nós, os que cremos,  devemos atentar para o êxito de sua carreira, e imitar-lhe a fé: "Pela fé Nóe, sendo divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, sendo temente a Deus, preparou uma arca para a salvação de sua família; e por esta fé condenou o mundo, e tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé" Hebreus 11.7. Como Noé, nós nos tornamos herdeiros da justiça pela fé, e devemos também como exemplo, preparar uma arca para a salvação de nossa família. Tudo que foi escrito para nosso ensino foi escrito, e foi escrito para que pela constância e pela consolação que há nas Escrituras tenhamos esperança. Apesar deste exemplo ser uma figura, ela foi escrita com a  finalidade de nos trazer esperança. Aleluia!

O sacrifício de Jesus serviu também à descendência de Abraão (Hebreus 2.16), e em Êxodo 12, dos versos 3a 13, nos mostra que o sangue dos cordeiros, que é a figura de Jesus, foi colocado nas vergas das portas, e era suficiente para salvar  todos os que estavam  naquela casa: "Mas o sangue vos será por  sinal  nas casas  em  que  estiverdes; vendo eu o sangue, passarei  por  cima de vós, e não haverá entre vós praga para vos destruir, quando  eu ferir a terra do Egito".  Que revelação gloriosa de Deus neste versículo! É por isso que o Espírito nos diz que nossa esposa, ou marido ou filhos são santos. Eu não estou me apegando a um versículo somente, se bem que um bastaria, mas vamos continuar caminhando na Palavra de Deus e nosso coração irá se alegrar cada vez mais com suas promessas.

O testemunho de Raabe é também mais uma passagem que nos traz consolação, pois em Josué, capítulo 2, versos 18 e 19, nos mostram  que a promessa dada a ela foi a mesma: "Eis que, quando  entrarmos na terra, atarás  este  cordão  de  fio escarlata à janela pela qual  nos fizeste descer; e  recolherás em casa contigo teu pai, tua mãe, teus irmãos e toda a família de teu pai. Qualquer que sair fora das portas da tua casa, o seu sangue cairá sobre a sua cabeça, e nós seremos inocentes; mas qualquer que estiver contigo em casa, o seu sangue    cairá sobre a nossa cabeça se nele se puser mão".

Em todas estas promessas,  vemos o total cumprimento por parte de Deus, nenhuma de todas as suas palavras caíram por terra (Josué 21.45). Os que não entraram são somente os que não creram ( Hebreus 3.18-19), e para isto temos o exemplo de Ló. Quando os anjos chegaram a Sodoma, a promessa de salvação era para toda a sua casa: "Então disseram os homens a Ló: Tens mais alguém aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar". Somente ele, sua mulher e duas filhas saíram, mas mesmo assim, sua mulher não pode ser salva porque não creu. Não estamos aqui questionando a salvação eterna das filhas de Ló, somente o fato da promessa e da misericórdia de Deus como uma esperança para nós: "Ele, porém, se demorava; pelo que os homens pegaram-lhe pela mão, a ele, à sua mulher, e às suas duas filhas, sendo-lhe misericordioso o Senhor. Assim o tiraram e o puseram fora da cidade". Gênesis 19.12, 16.

Quando encontramos nas Escrituras promessas de Deus para nós, sempre vemos estas promessas sendo estendidas aos nossos filhos, pois Ele diz: "As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre. Também o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, a fim de que ames ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, para que vivas" Deuteronômio 29.29; 30.6. "E lhes darei um só coração, e um só caminho, para que me temam para sempre, para seu bem e o bem de seus filhos, depois deles; e farei com eles um pacto eterno de não me desviar de fazer-lhes o bem..." Jeremias 32.39-40.

Quando Jesus chegou a Zaqueu, anunciou-lhe a benção de Abraão, e esta benção envolvia toda a sua casa, e assim também foi com o nobre (João 4.53), com Cornélio (Atos 11.14), com Lídia (Atos 16.15), e Crispo (Atos 18.8): "Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão" Lucas 19.9. O mais precioso versículo que na Palavra de Deus sobre a promessa de Deus para a  nossa casa, é a do carcereiro de Filipos. O apóstolo Paulo conhecia bem esta promessa de Deus quando lhe disse: "Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa" Atos 16.31. Não sabemos se a casa deste carcereiro foi salva, mas a promessa nunca se tornou inválida por isso, se formos infiéis, Deus permanece fiel, porque não pode negar-se a si mesmo (II Timóteo 2.13). Nesta palavra está tudo o que precisamos saber para que nossa casa  seja salva: apenas crer. Creia e verás a glória de Deus, retenha firme a confissão de sua esperança, porque aquele que fez a promessa é fiel. Porque na esperança fomos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos, com paciência o aguardamos (Romanos 8.24-25).

Todas as vezes que encontramos na Palavra exemplos de obediência e desobediência a Deus por parte dos filhos, vemos por trás a iniqüidade ou a santidade de seus pais como exemplo. Atentem para estes versículos que falam da obediência dos pais e conseqüentemente dos filhos: "No ano vinte e sete de Jeroboão, rei de Israel, começou a reinar Azarias, filho de Amazias, rei de Judá. O nome de sua mãe era Jecolia, de Jerusalém. E fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizera Amazias, seu pai" (I Reis 15.9-11; 22.41-43; II Reis 15.1-3; etc...). Em seguida, atentem para os versículos que falam da desobediência dos pais e conseqüentemente dos filhos: (I Reis 14.21-22; 15.1-3, 25-26; 16.29-30; 22.51-52; etc...).

O testemunho dos pais, como pudemos ver, teve grande influência na vida de seus filhos. Tanto a benção como a maldição vem sobre a família, apesar da maldição só caminhar até a terceira ou quarta geração, e isto por causa da misericórdia de Deus, mas a benção se estende até mil gerações (Êxodo 20.5-6).

Devemo-nos atentar diligentemente para as coisas que temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas, porque encontramos negligência de muitos pais que conheceram a Deus, mas viram seus filhos se perderem. Entre eles encontramos Eli e Samuel:"Naquele mesmo dia cumprirei contra Eli, de princípio a fim, tudo quanto tenho falado a respeito da sua casa. Porque já lhe fiz saber que hei de julgar a sua casa para sempre, por causa da iniqüidade de que ele bem sabia, pois os seus filhos blasfemavam a Deus, e ele não os repreendia" I Samuel 3.12.

Nós os que cremos, devemos lançar mão da esperança proposta, pois tem uma grande recompensa. Necessitamos de perseverança, para que, depois de havermos feito a vontade de Deus, alcancemos a promessa (Hebreus 10.35-36). Por fé, já podemos dizer como Josué: "Eu e a minha casa serviremos ao Senhor" Amém.

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