A RESTAURAÇÃO DE DEUS - PARTE XIX

A PORTA DOS CAVALOS

 

A porta dos cavalos foi a oitava porta a ser restaurada nos muros de Jerusalém. Em Neemias capítulo 3, nos versos 28 e 29 diz: "Desde acima da porta dos cavalos repararam os sacerdotes, cada um defronte da sua casa. Depois deles reparou Zadoque, filho de Imer, defronte da sua casa".

É necessário lermos o texto de II Crônicas, capítulo 32, dos versos 2 a 8, porque fala da nossa próxima porta a ser restaurada, a porta dos cavalos: "Vendo, pois, Ezequias que Senaqueribe vinha, e que estava resolvido contra Jerusalém, teve conselho com os seus príncipes e os seus homens valentes, para que se tapassem as fontes das águas que havia fora da cidade; e eles o ajudaram. Assim muito povo se ajuntou, e tapou todas as fontes, como também o ribeiro que se estendia pelo meio da terra, dizendo: Por que viriam os reis da Assíria, e achariam tantas águas? E ele se animou, e edificou todo o muro quebrado até às torres, e levantou o outro muro por fora; e fortificou a Milo na cidade de Davi, e fez armas e escudos em abundância. E pôs capitães de guerra sobre o povo, e reuniu-os na praça da porta da cidade, e falou-lhes ao coração, dizendo: Esforçai-vos, e tende bom ânimo; não temais, nem vos espanteis, por causa do rei da Assíria, nem por causa de toda a multidão que está com ele, porque há um maior conosco do que com ele. Com ele está o braço de carne, mas conosco o Senhor nosso Deus, para nos ajudar, e para guerrear por nós. E o povo descansou nas palavras de Ezequias, rei de Judá".

Nas Escrituras encontramos em muitos lugares essas figuras como batalhas do povo de Deus contra Satanás e suas hostes. Os faraós, reis da Assíria, de Tiro, da Babilônia muitas vezes foram escritos como figuras, mas estava falando de Satanás. Tudo o que foi escrito para nosso ensino foi escrito (Rm. 15.4). A figura do muro e das portas como vimos anteriormente, é para separar o povo de Deus e também para protegê-los contra os inimigos. Não que confiamos em muros de pedras, mas no Senhor que é o nosso muro e também as nossas portas. 

A porta dos cavalos nos ensina sobre as batalhas espirituais dos santos. Não das batalhas pessoais, do nosso dia a dia, mas das batalhas da Igreja, do povo de Deus contra hostes espirituais da maldade. Esta porta não fala das batalhas das coisas aqui da terra, mas nos lugares celestiais (Ef. 6.12). Não são lutas contra a carne ou sangue humano, mas contra principados e potestades.

Essas lutas não são as tentações pessoais que cada um de nós tem no dia a dia, mas contra as astutas ciladas do diabo, contra as ciladas contra a Igreja do Senhor. Não são as nossas batalhas, mas as batalhas de Jesus Cristo em favor da Sua Igreja. São lutas para o estabelecimento do governo de Jesus aqui na terra, do governo no monte de Sião.

Davi nos dá uma visão mais clara sobre quais são essas batalhas, já que Davi não batalhou as suas batalhas, mas as batalhas de Deus. Davi é entre outros personagens bíblicos uma figura de Cristo, do rei que o Senhor exaltou para reinar sobre o seu povo de geração a geração (Sal. 89.3-4). Essas batalhas são exaustivamente escritas por muitos santos em todas as épocas, e que podem ser encontradas em livros, com referências principalmente nos livros de Josué, Juízes Esdras e Neemias.

Mas essas batalhas não podem ser aprendidas teoricamente, como doutrina, elas têm que ser experimentadas, conhecidas no Senhor. Temos que aprender essas guerras, porque esta é a nossa geração, e Satanás continua combatendo contra o povo de Deus. Essas lutas iniciaram no jardim do Éden, e só vão encerrar quando o último inimigo for vencido, isto é, a morte (I Cor. 15.26). Neste momento vamos olhar para algumas batalhas de Davi.

A primeira delas foi contra o gigante Golias. Esta luta representa a vitória de Cristo na cruz, contra aquele que tinha o império da morte (Heb. 2.14). Jesus veio na fraqueza da nossa carne, para que na carne condenasse o pecado (Rm. 8.3). Com um só golpe ele destruiu o que tinha o império da morte e com a própria arma de Satanás, a morte, despojou os principados e potestades, e triunfou deles na mesma cruz (Col. 2.15). Ele feriu a cabeça da serpente (Gên. 3.15).

Davi foi ungido rei sobre Israel (I Sam. 16.1), mas só tomou posse do reino depois que Saul morreu. Assim como Davi não tocou em Saul até o tempo determinado por Deus, Satanás também ainda é o príncipe deste mundo, mas o será até o tempo determinado por Deus, o dia que está reservado ao Pai (At. 1.7). Jesus, depois da sua ressurreição, ainda andou por quarenta dias entre os irmãos, mas depois disso foi exaltado à destra de Deus já como Senhor e Cristo; ungido por Deus e já estabelecido como rei sobre Sião (Sal. 2), como o cabeça do corpo da Igreja (Ef. 1.22-23), mas o reino desse mundo só passará a ser dEle no dia em que Satanás for preso e lançado no abismo (Apoc. 20.2-3).

Davi começou a reinar em Hebrom, mas a sua primeira conquista foi o monte de Sião (II Sam. 5.5-7). Este monte não pode ser tomado desde o tempo de Josué porque era uma cidade fortificada. Sião é o testemunho precioso da conquista e do governo do Senhor Jesus; do império da morte que reinava e que ninguém podia tomá-lo. Ninguém era digno de tomar o livro e abrir os seus selos, mas o Leão da tribo de Judá venceu (Apoc. 5.5). Aleluia! Satanás achou que este império nunca seria destruído, porque não havia nenhum homem digno, mas o Filho do homem é o único que era digno de tomor Sião. Tudo já foi colocado debaixo dos seus pés.

Sião é a cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial, é a Igreja do Senhor, dos primogênitos inscritos nos céus (Heb. 12.22-23). Sião é chamada a cidade de Davi (II Sam. 5.9), a figura da cidade do grande Rei, de um Rei e um reino que não pode ser abalado (Sal. 125.1). Sião é o santo monte de Deus é o símbolo do poder do Rei dos reis e do Senhor dos senhores. É a morada do Altíssimo (Sal. 76.2), a perfeição da formosura do Senhor (Sal. 50.2), o lugar da sua glória (Sal. 102.16). Uma fortaleza onde o Senhor domina sobre os seus inimigos (Sal. 110.2).

Este lugar é a Igreja de Jesus Cristo, é o seu monte de Sião, a sua morada, onde expressa a sua perfeita formosura, uma fortaleza onde domina sobre os seus inimigos. Será que já compreendemos isto? Somos a cidade de Deus, a sua morada, o lugar onde Ele escolheu para colocar o seu Nome. Ele diz nos Salmos 132, nos versos 13 a 16 que a desejou, que a abençoará, e a alimentará. Um lugar para saltar de prazer: "Porque o Senhor escolheu a Sião; desejou-a para a sua habitação, dizendo: Este é o meu repouso para sempre; aqui habitarei, pois o desejei. Abençoarei abundantemente o seu mantimento; fartarei de pão os seus necessitados. Vestirei os seus sacerdotes de salvação, e os seus santos saltarão de prazer". Oh Senhor, dilata o nosso coração para temer o teu nome, e para crermos que o Senhor é a nossa fortaleza diante dos nossos inimigos.

Somos a Sião conquistada pelo poder do Senhor e chamada a sua cidade. Aleluia! Não vamos ser, já somos, e as portas do inferno, a porta do dragão (Nee. 2.13) não prevalecerão contra ela. A partir da conquista de Sião ela se tornou um lugar de controvérsias e batalhas. As batalhas desde então nunca cessaram e até que o Senhor traga o seu reino (Isa. 2.3) para este mundo essas lutas continuarão, porque Sião é um símbolo de poder, e a Igreja é o poder do Senhor aqui neste mundo, no campo do inimigo, no meio daquilo que considera seu (I Jo. 5.19).

Os profetas chamam de a 'controvérsia de Sião', porque quase todas as guerras, em todos os tempos foram sempre contra Sião, e Jerusalém sempre está envolvida. Satanás não tem outro objetivo de destruição senão contra o povo de Deus. A nossa luta é contra ele, e a sua luta é contra a Igreja. Não há nenhum lugar nas Escrituras que dizem que Satanás é inimigo de Deus, mas que é o inimigo das nossas almas, do povo de Deus (I Pd. 5.9). Tanto é assim que as duas últimas grandes batalhas ainda estão por vir, a de Armagedom (Apoc. 16.16), e a batalha final (Apoc. 20.8-9), e todas elas contra o Senhor e os seus santos.

Mas Davi teve uma ajuda muito preciosa antes de tomar Sião e assumir o reino sobre Israel, a ajuda dos seus valentes. Mas quem eram os valentes de Davi? Eram os quatrocentos homens endividados, desgostosos e que se achava em aperto (I Sam. 22.2). As Escrituras deram testemunho de sua valentia, mas antes eram homens miseráveis. Essa é uma figura nossa, dos miseráveis, cegos, coxos e aleijados que o Senhor buscou nos becos das ruas (Luc. 14.21), e que por sua graça e poder quer nos tornar seus soldados, atletas e lavradores (II Tim. 2.3-6). Que tenhamos o Senhor por capitão sobre nós, como foi Davi sobre eles (I Sam. 22.2).

Por isso o Senhor nos ensina em Efésios capítulo 6, dos versos 10 a 18, a nos fortalecermos nele e a vestirmos de toda a armadura de Deus. Isto mostra que não temos capacidade e nem suficiência em nós mesmos de enfrentar este inimigo, porque eles são mais fortes do que nós. Como vimos no texto acima, sempre o inimigo será mais poderoso e experimentado na guerra que nós. Por isso temos que nos fortalecer no Senhor, na força do seu poder e vestirmos de toda a armadura de Deus. Uma força e uma armadura que provém dEle. Esta armadura não cabe em uma pessoa, pois ela é muito grande, é necessário todo o Corpo de Cristo, todos os seus membros para vesti-la.

O apóstolo Paulo fala algo importante sobre o inimigo que não podemos subestimar: os seus ardis (II Cor. 2.10-11). Se há uma arma eficaz que Satanás se mune é fazer com que o subestimemos. Que somos capazes de vencê-lo apenas com a nossa capacidade e conhecimento, até mesmo da Palavra de Deus. A auto-confiança é um dos seus principais dardos, e em seguida sempre nos tenta com a presunção. Por isso que só um jovem espiritual vence o maligno, aquele que tem a Palavra dentro dele como vida (I Jo. 2.14).

Enquanto somos mais novos temos que ser cuidados pelos mais velhos, para que não caiamos na condenação do diabo (I Tim. 3.6). Da mesma maneira que os sacerdotes, um homem só estava pronto para participar das guerras a partir dos 30 anos de idade. Aos 20 anos já começava a aprender a guerra, mas aos 30 anos estava maduro para participar delas. Creio que assim é conosco também, mas falo de tempo de vida com o Senhor e não idade biológica. A princípio aprendemos a guerra em nossas batalhas pessoais, em nossa casa, para depois começarmos a sermos exercitados nas batalhas de Deus, nas batalhas da Sua Igreja. O ministério de Cristo e de Davi começaram também aos 30 anos de idade (II Sam. 5.4; Luc. 3.23).

Por isso o texto de Neemias que iniciamos, que fala sobre a restauração da porta dos cavalos, diz que os sacerdotes a restauraram defronte das suas casas. Isto é muito significativo em dois aspectos, a maturidade espiritual e o governo das suas casas. Por isso Paulo diz que aquele que não sabe governar a sua casa, não pode cuidar da igreja de Deus (I Tim. 3.5). Somente aqueles que podem ter a sua casa como testemunho pode entrar nessas batalhas; caso contrário, ficará envergonhado diante do inimigo.

A nossa casa deve estar em ordem primeiro para que então tenhamos testemunho para cuidar e batalhar no Senhor. Zadoque quer dizer ‘reto’. E este homem também edificou diante de sua casa. A casa desse homem reto era o espelho para a restauração da porta dos cavalos. Por isso que a primeira igreja é a nossa casa, e se ela estiver bem estruturada e edificada é porque já fomos exercitados e tratados pelo Senhor lá, para que sejamos uma benção para a Casa de Deus, como instrumentos na restauração de Deus do seu testemunho.

A expressão ‘defronte da sua casa’ serve como um parâmetro para todos nós. Como está a sua casa? Como ela estiver, assim será a Casa de Deus se você tocar a mão nela. Quantos não cuidam mais ou menos da sua casa e querem governar a Igreja de Deus. O Senhor diz que o governo é sobre a nossa casa, para que o cuidado seja sobre a sua Casa. Só há governo sobre a sua própria casa e não sobre a casa de outrem. Por isso o Senhor é quem governa a Sua Casa e nós temos que governar a nossa própria casa.

Vemos então que a porta dos cavalos fala das batalhas espirituais contra a Igreja. Somos como ovelhas levadas para o matadouro, mas também como cavalos para a batalha. Não que o Senhor confie em nós (Sal. 20.7), nem que confia na nossa força (Sal. 33.17), e muito menos em nosso entendimento (Sal. 32.9), mas somos preparados para as batalhas do Senhor, cuja vitória vem do Senhor (Prov. 21.31). Se o Senhor é por nós, quem será contra nós? Ele peleja com os seus santos (Jd. 1.14), e seu nome é Fiel e Verdadeiro (Apoc. 19.11), e tudo sobre o Monte de Sião. Continua... 

 

Obs: Amados irmãos, não deixem de ler os versículos acima citados entre parêntesis, porque eles são a parte mais importante desta meditação. Não é o texto escrito que tem valor, mas a Palavra de Deus. Ela é que é viva e eficaz. O texto é como Esdras fez, para dar sentido ao que estamos falando. O sentido é nosso, mas a Palavra é de Deus. Amém.

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