5.o Dia

No quinto dia, Deus disse: "Produzam as águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento do céu.

Criou, pois, Deus os monstros marinhos, e todos os seres viventes que se arrastavam,

os quais as águas produziram abundantemente segundo as suas espécies; e toda ave que voa, segundo a sua espécie.

E viu Deus que isso era bom. Então Deus os abençoou, dizendo:

Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas dos mares; e multipliquem-se as aves sobre a terra.

E foi a tarde e a manhã, o dia quinto" Gênesis 1.20-23.

 

O quinto dia aqui, prefigura também o quinto milênio da criação de Deus. Neste dia Deus nos revela duas figuras desta criação. Não queremos ir além do que temos recebido como revelação de Deus, porque não desejamos dar vazão à imaginação humana. Caso Deus dê a você além do que temos recebido, glórias ao Senhor.

A primeira figura são os peixes dos rios e dos mares. O peixe foi um dos alimentos que Jesus multiplicou por duas vezes para dar de comer aos seus discípulos. O peixe também foi o alimento que ele tomou após a sua ressurreição para mostrar aos seus discípulos que ele tinha carne e ossos como eles. Não foi sem motivo que o peixe foi o símbolo adotado pelos cristãos nos primórdios da igreja.

O peixe representa a fertilidade do povo de Deus, e o Espírito de Cristo o rio de águas vivas. Jesus é o rio de Deus, o manancial das águas vivas, o rio de águas vivas: "Tu visitas a terra, e a regas; grandemente e enriqueces; o rio de Deus está cheio d’água" Salmos 65.9. "Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem" João 7.38-39.

Em Ezequiel capítulo 47, dos versos 3 a 5, Deus nos fala da torrente das águas purificadoras que saem debaixo do limiar do Seu templo. Estas águas começavam pelos artelhos do homem, e iam crescendo até se formar um rio que só se poderia passar a nado. Estas águas representam a Pessoa de Jesus e a sua expansão até os novos céus e a nova terra. Mas essas águas também representam a nossa experiência com o Senhor Jesus, do lavar da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo, que vai crescendo a ponto de ser em grande abundância, cheio do Espírito, até a estatura completa de Cristo, de homem perfeito. Mas no verso 9, do mesmo capítulo, Deus nos diz que: "por onde quer que entrar o rio viverá todo ser vivente que vive em enxames, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão estas águas, para que as águas do mar se tornem doces, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio".

Deus nos revela em sua Palavra, que o rio que sai do seu templo é Jesus Cristo, e que nós, a Igreja, somos os peixes que se tornam férteis. Jesus está assentado à direita de Deus Pai, mas Ele nos fala que este rio é o Seu Espírito. O que Deus nos faz compreender pelo Seu Espírito, é que a Igreja está sendo muito fértil neste rio. No novo céu e na nova terra não haverá mar (Apoc. 21.1); o mar deixará de existir porque as águas desse rio o tornarão doce. Hoje vemos que todo rio termina no mar, mas ao desembocar no mar as águas se tornam salgadas. O mar tem relação com o pecado, com suas ondas orgulhosas, com os abismos, mas quando essa Pessoa do Senhor encher a terra com a Sua Glória, tudo se tornará doce, e haverá muitíssimas pessoas, e o pecado, o orgulho, os abismos não existirão mais. Ele reinará por toda a terra, e a terra se encherá do conhecimento de Deus.

A segunda figura é das aves do céu. Ela com mais evidência, mostra a figura do Espírito sobre a Igreja. Quando Jesus recebeu o Espírito em seu batismo, este Espírito desceu sobre ele em forma corpórea de uma pomba: "Batizado que foi Jesus, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele" Mateus 13.16. Quando Jesus subiu ao céu ele derramou o Espírito Santo sobre nós. Aquela pomba que pousara sobre Jesus veio dos céus e também veio pousar sobre nós, veio fazer habitação em nós, e tornar a Igreja extremamente frutífera, se multiplicar, encher a terra.

O quinto dia, que nos mostra o quinto milênio, é o tempo em que o Espírito de Deus esteve trazendo vida abundante sobre a Igreja, e isto até o fim do sexto dia, quando Deus criou o homem. O Espírito é o parácleto, o Ensinador, o Consolador, aquele que conduz o povo de Deus a toda a verdade, além de ser o penhor da herança de Deus. Ele é o único meio pelo qual a Igreja pode ser fértil. Não poderia haver abundância de peixes se não houvesse o rio. Sem o Espírito Santo, a Igreja de Deus seria estéril: "Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi estéril, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo" I Coríntios 15.10. Esta graça é o Espírito Santo.

Na metade do quinto milênio vemos claramente Deus, como nos tempos de Samuel, por meio de Martin Lutero, acender a sua lâmpada novamente. Como nos tempos de Samuel a Palavra de Deus era muito rara (I Samuel 3.1). A cristandade caiu em trevas. A lua que é a Igreja estava na sua fase mais obscura, então na metade do milênio o Senhor trouxe novamente o testemunho de Jesus, a justificação pela fé, a manifestação do Espírito pela Palavra: "Continuou o Senhor a aparecer em Siló, enquanto por sua palavra o Senhor se manifestava ali a Samuel" I Samuel 3.21.

Desde que Jesus subiu aos céus, o Espírito tem sido o instrumento de acesso a Jesus e ao Pai. Jesus disse: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre. A saber, o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós. Mas o Consolador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito. Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade. E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei" João 14.16-17, 26; 16.13; I João 2.27.

No quinto milênio aquele Espírito que estava no princípio pairando sobre a face das águas, trouxe vida e vida com abundância. A expressão ali é como uma galinha que choca os seus ovos, mas vem o dia que os pintinhos rompem a casca e saem para a vida; assim foi o Espírito Santo com a Igreja. Nestes dias, Deus criou toda espécie de seres viventes, e nestes mil anos, Deus tem vivificado homens de toda tribo, língua, povo e nação. A Reforma trouxe um grande avivamento sobre a terra. Os séculos XVI, XVII, XVIII, XIX e XX foram tempos de grandes avivamentos, de grande testemunho da Igreja na terra. E como as aves do céu, o Espírito trouxe vida com abundância, porque "o Espírito é o que vivifica", disse Jesus. Desde então o Espírito tem vivificado a Igreja, tornando-a extremamente fértil. Onde havia só trevas e deserto, o Espírito trouxe vida: "Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos;
os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo"
Isaías 35.5-6.

Depois do dilúvio, quando as águas começaram a secar sobre a terra, Noé abriu uma janela que havia feito na arca, e soltou duas aves: um corvo e uma pomba. O corvo, depois de solto não retornou à arca, mas a pomba voltou. Depois de sete dias, Noé tornou a soltar a pomba e ela voltou com um ramo de oliveira sobre o bico, depois não voltou mais (Gênesis 8.6-12). Tudo que foi escrito é para nosso ensino que foi escrito (Romanos 15.4), e Deus vem nos ensinar com esta passagem das Escrituras, que o corvo não voltou porque encontrou onde pousar. Satanás encontrou na terra o lugar do seu reinado (Lucas 4.6). Ele encontrou no homem o alimento da sua natureza. Havia muita carne podre sobre a terra, o que para o corvo era uma festa, mas para a pomba não havia lugar. Quando ela achou onde pousar, trouxe o testemunho a Noé, e assim também foi com o Espírito Santo. Enquanto Jesus não tinha vindo sobre a terra, figurado pela oliveira, o Espírito não tinha onde pousar. Ele ia e vinha. Quando Jesus se manifestou, o Espírito primeiro trouxe o ramo da oliveira para testemunho, e depois pousou sobre a Igreja para nunca mais voltar.

O corvo Satanás tem ficado com a carne, com a podridão, com a morte, mas a pomba que é o Espírito, tem ficado com a vida, com o bom perfume de Cristo. O Espírito é o único que testifica no céu e na terra, por isso é que vemos neste quinto dia, sendo criados animais sobre a terra e sobre o céu. "Três são os que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo. E três são os que dão testemunho na terra: o Espírito, a água e o sangue" I João 5.7-8. É o Espírito que faz a mediação entre Deus e seus filhos, entre o céu e a terra: "Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito: que ele, segundo a vontade de Deus, intercede pelos santos" Romanos 8.26-27. Findado o ministério de Jesus sobre a terra, deu-se o início do ministério do Espírito sobre a Igreja, trazendo vida e fertilidade, e neste quinto dia, neste quinto milênio vemos muita fertilidade na Igreja depois da Reforma até o final do quinto milênio.

Os grandes avivamentos, como os homens santos de Deus, em sua maioria nasceram neste quinto milênio. Martin Lutero como já citamos, João Calvino, Willian Tyndale, D. L. Moody, Conde Zinzendorfe, George Whitefield, Charles Finney, John Bunyan, John Wesley, Hudson Taylor, Jônatas Edwards, Jorge Muller, Charles Spurgeon, os Moravios e muitos outros. Este quinto milênio foi de grande abundância de homens, de conhecimento, e de vidas salvas. Mas era necessário o sexto dia, o dia da coroação da sua criação: A criação do homem.

Retornar