AS TREVAS EXTERIORES

 

As trevas exteriores que vemos Jesus se referir, não será o hades (inferno) onde vai a alma de todo aquele que morre no seu pecado, nem o abismo onde estará Satanás e os anjos que não guardaram seus principados (II Pedro 2.4). Este lugar será comparado ao antigo Seol, ou as cidades de refúgio, a qual fluíam todos aqueles que tinham alguma dívida a ser acertada (Num 35.11-13). Talvez você esteja parecendo ver uma novidade e resista a ela, mas Jesus ensinou isto amplamente aos seus discípulos. Temos como exemplo o testemunho de Moisés, que por não consagrar o Nome do Senhor no meio da congregação, ficou fora da terra, e somente a viu de longe (Num 20.12; Deut 3.23-27). Isto nos foi escrito como figura, para que nós não caiamos no mesmo exemplo de desobediência que eles caíram. Como Deus fez com Moisés, que não viu a glória de Israel e o estabelecimento do Seu reino em Jerusalém, muitos ficarão de fora do Reino de Jesus por não consagrarem o Nome do Senhor no meio da congregação.

Nas cidades de refúgio, também eles continuavam a viver, mas estavam longe do povo Israel e de sua glória, como também das festas e dos sacrifícios que se faziam de ano em ano em Jerusalém. Isto é uma figura do que será estas trevas exteriores. Lá será o lugar em que os filhos de Deus estarão esperando, e o choro e o ranger de dentes será a consequência de perder tanto tempo com aquilo que não trazia edificação, que era palha ou feno, e envolvimento com as coisas deste mundo. Como nas cidades de refúgio, o que tinha cometido algum delito não podia voltar até o término do ministério do sumo-sacerdote, assim também será com os filhos de Deus no milênio. Todos os que estiverem nestes trevas exteriores voltarão quando terminar o ministério de Jesus, e entrarão todos juntos no novo céu e na nova terra que Deus irá criar. Depois disto, não haverá mais choro, nem lamento, nem dor, porque Deus fará tudo novo (Apocalipse 21.1-4).

Como na saída do Egito, todos estão aptos a entrarem neste Reino, pois, Ele nos tem dado preciosas e grandíssimas promessas, mas estes como aqueles, não poderão entrar por causa da incredulidade. Para isto o Espírito de Cristo usa tais expressões como: "Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa" Apoc 3.11. "Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua nudez" Apoc 16.15. "Mas, quando o rei entrou para ver os convivas, viu ali um homem que não trajava veste nupcial; e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui, sem teres veste nupcial? Ele, porém, emudeceu. Ordenou então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes" Mat 22.11-13. "Pois neste tabernáculo nós gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação que é do céu, se é que, estando vestidos, não formos achados nus" II Cor 5.2-3.

A eleição e a vocação de Deus são sem arrependimento, mas o ser participante da herança que Deus deu a Jesus Cristo, que é herdar a terra, e a governar por mil anos, só serão concedidos aos humildes de espírito, aos mansos, aos que são perseguidos por causa da justiça e por causa do Seu Nome (Mateus 5.1-12). A todos os que foram fiéis, que perseveraram na fé até o fim, a todos que tiveram uma vida prudente (Mat. 25.1-13). Deus, através do apóstolo Pedro também nos ensina isto quando diz: "Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" II Pedro 1.10-11. A vocação e a eleição são sem arrependimento, mas para se obter a herança, e sem tropeço ser amplamente aberto a entrada neste Reino de Cristo, deve-se fazê-la mais firme.

A vida eterna é um dom gratuito de Deus, mas a herança será uma recompensa pelas obras, e pelos sofrimentos por causa de Deus e de Jesus Cristo: "E tudo quanto fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que do Senhor recebereis como recompensa a herança; servi a Cristo, o Senhor" Colossenses 3.23-24. "Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?" Tiago 2.5. A vida eterna é esta, que te conheçam a ti só. Agora conhecemos em parte e em parte profetizamos, mas quando aquilo que é em parte for aniquilado, então conheceremos plenamente como somos plenamente conhecidos.

Tudo o que foi escrito, para nosso ensino foi escrito (Romanos 15.4). Os que estão fora do Reino dos céus, não é por chamar Jesus de Senhor que os fará entrar, mas aquele que faz a vontade de Deus que está nos céus. Muitos vão dizer a Jesus naquele dia: "Não profetizamos nós em teu nome, e em teu nome não fizemos maravilhas, e em teu nome não expulsamos demônios", mas Jesus dirá a estes claramente: "Nunca vos conheci, apartai-vos de mim vós que praticais a iniquidade" Mateus 7.21-23. Estes são aqueles que ficarão de fora porque praticavam a iniquidade, apesar de fazer todas estas coisas no nome de Jesus. Iniquidade é satisfazer seus próprios desejos, se aproveitar do Nome de Jesus e de seus milagres para benefício próprio.

Mas Jesus também fala àqueles que estão no Reino de Deus, que são os regenerados, e que poderão ficar fora do Seu Reino. Encontramos em muitos lugares, mas vamos destacar a parábola das dez virgens e dos talentos quando disse: "Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes. Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo. As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas. E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram. Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí-lhe ao encontro! Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando. Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta. Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço. Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora. Porque é assim como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade; e seguiu viagem. O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles, e ganhou outros cinco; da mesma sorte, o que recebera dois ganhou outros dois; mas o que recebera um foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Ora, depois de muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles. Então chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Chegando também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis aqui outros dois que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Chegando por fim o que recebera um talento, disse: Senhor, eu te conhecia, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste, e recolhes onde não joeiraste; e, atemorizado, fui esconder na terra o teu talento; eis aqui tens o que é teu. Ao que lhe respondeu o seu senhor: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei, e recolho onde não joeirei? Devias então entregar o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, tê-lo-ia recebido com juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai ao que tem os dez talentos. Porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado. E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes". Mateus 25.1-30.

Nesta parábola das dez virgens, foi onde eu mais resisti ao Espírito. Sempre julguei que as cinco virgens insensatas não eram regeneradas, mas no verso 8, Deus nos mostra claramente que elas tinham o óleo e a luz, mas que estavam se apagando. Jesus também começa no versa 1 dizendo do Reino dos céus, isto é, daqueles que são regenerados e estão no Seu Reino é comparado a essas dez virgens. Não é o mundo como na parábola do joio e do trigo, mas o Reino dos céus. Tanto é assim, que todas são virgens, e a virgindade é a figura da regeneração. Aqui Jesus mostra claramente como será com os filhos de Deus. Todos são virgens, mas alguns são prudentes e outros insensatas. As prudentes entrarão neste Reino entrarão para as bodas, e os insensatas ficarão de fora; a porta irá se fechar.

Na parábola dos talentos é a mesma figura. Tanto na parábola das virgens, como na dos talentos, Jesus está falando a seus discípulos e não aos ímpios. Na parábola dos talentos, o Reino dos céus, isto é, aqueles que estão no Reino de Deus e do Seu Filho Amado (Colossenses 1.13), é comparado a um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens. Esta parábola é a verdade de Jesus que se ausentou deste mundo, mas deixou os seus talentos a nós, os filhos de Deus e servos de Jesus Cristo. Os talentos são os dons, e só possuem dons, aqueles que nasceram do Espírito e foram batizados pelo Espírito formando um corpo. Estes dons são para a Igreja e para o proveito comum (I Coríntios 12).

A diferença da parábola das dez virgens com a dos talentos é que a das dez virgens falam daqueles que já dormiram em Cristo, já morreram fisicamente, e a dos talentos se refere aos que estiverem vivos na sua vinda. Veja a expressão do verso 5: E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram”. Esta parábola se refere a todos que dormiram, e diante da voz do noivo irão despertar, ou ressuscitar. Por isso esta parábola está antes da dos talentos, porque os mortos ressuscitarão primeiro (I Tess. 4.16). Já a parábola dos talentos o Senhor diz: “Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles” Mateus 25.19. Estes são os que quando o Senhor voltar irá achá-los no trabalho, negociando.

O que o Espírito Santo nos faz compreender pela preciosidade deste ensinamento de Jesus para a Sua Igreja, é que ele tem como finalidade nos preparar para o tempo que está próximo. Estas sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo têm feito na vida dos filhos de Deus uma obra preciosa de temor e diligência com as coisas de Deus. Como também um maior cuidado com os irmãos e com a verdadeira Igreja de Deus no tocante ao amor fraternal. - "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" , disse Jesus, e "nisto conhecereis que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (João 13.35). Esta palavra do reino nos livra da hiper-graça, da antinomia, da mornidão e da insensatez espiritual.

Isto também é o que nos diz o apóstolo Paulo: "Exercita-te a ti mesmo na piedade. Pois o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, visto que tem a promessa da vida presente e da que há de vir. Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação. Pois para isto é que trabalhamos e lutamos, porque temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem. Manda estas coisas e ensina-as. Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza. até que eu vá, aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino. Não negligencies o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbítero. Ocupa-te destas coisas, dedica-te inteiramente a elas, para que o teu progresso seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem" I Tim 4.7-16.

Este ensinamento nos tem sido enviado por Deus não para sentirmos medo, mas alegria, pois, já nos foi dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade (II Pedro 1.3). Quem tem medo não está aperfeiçoado no amor. A finalidade desta palavra, é para que em nós seja aperfeiçoado o amor. E o amor tem sido em nós aperfeiçoado, para que no dia do juízo tenhamos confiança (I Jo 4.17-18). O amor é o caminho sobremodo excelente, é o vínculo da perfeição, e o amor é um fruto do Espírito. Tudo o que Deus quer nos ensinar, é que: " se um morreu por todos, logo todos morreram; e ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" II Cor 5.14-15. Tudo isto tem sido nos ensinado para que se cumpra o que disse Jesus: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará. Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se a si mesmo? Porque, quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos" Lucas 9.23-26. O efeito deste ensino é para que sejamos aperfeiçoados em toda boa obra, para fazermos a sua vontade, operando em nós o que perante Ele é agradável, por meio de Jesus Cristo, ao qual seja glória para todo sempre. Amém (Heb 13.21).

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