A VIÚVA DE SAREPTA

"A farinha da panela não se acabará, e o

azeite da botija não faltará...". I Reis 17.14

Os texto de I Reis 17, dos versos 8 a 24, nos fala do profeta Elias sendo enviado por Deus à uma viúva de Sarepta. Sarepta era uma cidade costeira gentílica da antiga Fenícia que ficava entre Tiro e Sidom, onde hoje é o Líbano.

Sarepta quer dizer casa do ourives. Muito sugestivo não? O Senhor tem preciosidades da sua divindade neste texto com o sentido de purificar e moldar a Sua Igreja como um candeeiro.

Há muitas revelações preciosas neste texto, mas queremos atentar para algumas delas que o Senhor nos dá nesta ocasião, lembrando que tudo o que foi escrito para o nosso ensino foi escrito (Romanos 15.4).

O profeta é a figura de Cristo, porque Jesus é o profeta enviado e anunciado por Deus pelas Escrituras à favor do seu povo; e o seu testemunho é a verdadeira profecia: "...sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia" Apocalipse 19.10.

A viúva tem a figura da Igreja. Não que a Igreja seja viúva de marido vivo, mas ela tem a figura de viúva do primeiro marido, da lei. Mortos e livres para que sejamos de outro marido, Cristo: "Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus" Romanos 7.2-4.

A primeira coisa que vemos na Palavra é o profeta sendo enviado a Sidom, uma terra gentílica que somos nós. Depois vemos ele pedindo para que primeiro seja dado a ele. Ele disse: "...faze primeiro para mim um pão" (v.13). Vemos este princípio em toda a Escritura, seja de uma viúva pobre (Marcos 12.42-43), ou de um jovem rico (Mateus 19.16-22).

O servo sempre deve dar primeiro ao seu Senhor, depois ele pode sentar para comer. Desta maneira nunca faltará para o servo. Na casa do Senhor o servo nunca passará necessidade: "E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, voltando ele do campo, diga: Chega-te, e assenta-te à mesa? E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu? Porventura dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não. Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer" Lucas 17.7-9.

Ele pede que primeiro seja dado a Ele, não porque espera algo de nós, ou que algo que provenha de nós seja bom, mas é para tirar aquilo que é nosso; tirar aquilo que pomos a nossa confiança e que ainda é a nossa garantia, para nos dar a Ele: "E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará" Lucas 9.23-24.

A viúva como nós guardamos no íntimo aquilo que mais gostamos, o que nos alimenta e que muitas vezes nos mantêm vivos, mas o Senhor nos levou a morrer naquela cruz com Ele, e agora tudo o que é do velho homem tem que ser despojado. Ele veio com o fogo das aflições, como um ourives, para retirar as nossas impurezas: "E assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata" Malaquias 3.3.

Depois que a viúva deu tudo o que ela ainda tinha ao profeta, nada mais lhe faltou. Quem é o pão da vida senão o nosso próprio Senhor? O nosso pão é perecível e só serve para comer e morrer como a viúva e seu filho, mas o pão que desceu do céu é para alimento eterno.

Mas há algo aqui também que nos ensina muito! No verso 12 não diz que ela queria comer e morrer? Por que então quando o seu filho morreu ela se angustiou e reclamou ao profeta? Ela não estava pronta para a morte?

É assim que consideramos a operação da morte em nós. Gostamos de falar dela, de pregar sobre a cruz, sobre a operação dela em nós, da morte do EU, mas quando ela vem como forma de disciplina para a santificação, ficamos enfadados: "Filho meu, não rejeites a correção do Senhor, nem te enfades da sua repreensão. Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem" Provérbios 3.11-12.

Como é bom para nós falar sobre ela e ver a cruz operando nos nossos irmãos, mas quando opera em nós, também dizemos como a viúva: "...vieste a mim para trazeres à memória a minha iniquidade?". Queremos a morte nos outros, mas quando opera em nós achamos que doe demais. Ficamos questionando porque isto acontece conosco. Qual teria sido o nosso pecado?

A benção é que a morte hoje nos livra da morte amanhã: "Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis" Romanos 8.13. Para nós as tribulações as vezes parecem longas, mas Deus diz que é leve e momentânea (II Coríntios 4.17-18), e que traz um eterno peso de glória.

Mas algo glorioso aconteceu com aquela viúva. Quando ela perdeu tudo, ela pode experimentar a vida da ressurreição. O profeta deitou sobre o menino por três vezes, e assim foi também com o nosso Senhor Jesus. Dois dias ele ficou no seio da terra, mas ao terceiro ressuscitou e nos deu vida e nos ressuscitou juntamente com Ele (Efésios 2.5-6). Deus, nosso Pai, nos fez a ferida e a sarou: "Vinde, e tornemos ao Senhor, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida. Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele" Oséias 6.1-2.

Aleluia! Podemos estar sofrendo o despojamento, mas é do velho para sermos revestidos do novo. Purificando aquilo que é temporário, para ganharmos aquilo que é eterno e muito mais glorioso: "Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia" II Coríntios 4.16.

Amados irmãos, tende motivo de grande gozo o passardes por várias tribulações (Tiago 1.1-3). Não estranheis como se coisa estranha vos acontecesse, mas regozijai-vos porque sobre vós repousa o Espírito da Glória (I Pedro 4.12-14). Amém.

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